sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
Académico de Viseu
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
Criança adepta do Moreirense oferece chocolate a árbitro e este retribui...
As crianças são como são e não como os adultos gostavam que fossem

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022
"É sempre assim, não liguem. É futebol e é o habitual"
Fim de semana, 11 horas num campo do meu país. Duas jovens equipas, não mais de 12 ou 13 anos, e uma dupla de árbitros (uma das quais do sexo feminino), também muito jovens, não mais de 17 ou 18 anos.
Nos bancos,
treinadores, diretores e outros atletas vibram com o jogo e anseiam por
participar nele dentro do campo. Na bancada, os adeptos, principalmente pais,
mães, irmãos e alguns curiosos, já demonstram um nervosismo injustificável. Na
saída do balneário e no corredor de acesso ao campo, dois polícias e dois
homens com coletes refletores asseguram a ordem. Dizem-nos que são ARD
(assistentes de recinto desportivo).
Todos os fins
de semana, este ritual repete-se com várias equipas. O ambiente não difere
muito em função das equipas participantes. É um momento agradável e de boa
disposição que se vive nestes jogos de jovens. Não fosse a presença obrigatória
da polícia e dos ARD e tudo nos transportava para um espetáculo desportivo e
lúdico que vamos querer ver e rever.
Tomamos
conhecimento de que a presença policial é obrigatória porque no jogo anterior o
ambiente implodiu e até o próprio presidente do clube atentou verbalmente
contra a jovem equipa de arbitragem e os adversários porque a sua equipa perdeu.
A presença
policial implica despesa para o clube e é um reconhecimento da necessidade de
se garantir a segurança de todos os presentes num jogo de futebol de crianças num
fim de semana que devia ser libertador para estas. E se o público é constituído
maioritariamente por familiares dos atletas, só podemos concluir que a presença
policial e de ARD é para a garantir a segurança face aos pais, os tios, os
irmãos ou primos dos atletas.
Algo aconteceu
para que estas medidas fossem tomadas.
Ainda em relação
ao jogo anterior, a derrota fez com que o treinador fosse despedido e outro
entrasse no seu lugar. Ficamos sem entender nada. Primeiro, a culpa foi da
arbitragem, depois dos adversários e afinal foi do treinador?! Incoerência!!!
Parece-nos que quem tem as maiores responsabilidades é que não sabe o que é
desporto e muito menos formação.
Em Portugal,
temos estes comportamentos da idade da pedra. A avaliação do trabalho é feita
pelos resultados que se obtêm nos jogos, independentemente do escalão etário. O
processo é irrelevante. São os resultados que medem o sucesso e as competências
dos treinadores, dirigentes e atletas.
Início do
jogo, os primeiros toques na bola, o árbitro assinala falta e … começa o triste
e deplorável espetáculo nas bancadas. É ver adultos (ou, melhor dizendo, indigentes
mentais) com uma diarreia verbal para com a equipa de arbitragem e para com
todos os outros intervenientes de seguida, treinadores, adversários (atletas e
familiares). Chegam ao cúmulo de atingirem os colegas do próprio filho!
![]() |
ilustração de paulo medeiros |
Não aceitamos estes
comportamentos e questionamos os motivos da situação. A resposta é irreal: "É
sempre assim, não liguem. É futebol e é o habitual". NÃO! Não é
futebol e não aceitamos que seja assim. Estes adultos silenciosos são
facilitadores. É repugnante. Trata‑se de crianças e jovens e mesmo que assim não
fosse…
No desporto e
na formação desportiva, não há lugar para estes comportamentos. Na formação, ganhar
é mais uma consequência do que o objetivo. As crianças não são mini-adultos.
Para as
crianças e jovens, a prática desportiva tem diversos fatores motivacionais. A
diversão, as amizades, o companheirismo, as deslocações e a sua evolução
técnica. Ganhar é complementar. Ao contrário dos pais, que só dão importância a
se o seu filho joga e aos resultados dos jogos. Esta obsessão é um dos
principais fatores que leva ao abandono da prática desportiva dos jovens, por
volta dos 15, 16 anos.
As crianças
começam muito cedo a prática desportiva e as expetativas aos 10, 11 anos estão
no auge. A enorme maioria começa aqui a sentir frustração e continua a assistir
às discussões entre os pais, às advertências das forças policiais e a sofrer a
pressão de dirigentes e treinadores, que querem mostrar resultados. São estas
razões, entre outras, que levam ao abandono da prática desportiva. A paixão e a
diversão do jogo acabam-se.
A crítica
constante sobre o desempenho individual e coletivo é saturante e leva o jovem a
optar por outras solicitações, como sair à noite ao fim de semana como os
amigos, jogar computador, etc. Os adultos destroem o sonho de qualquer criança.
A
responsabilidade é dos adultos, independente das funções que exercem no
desporto, e como o seu comportamento não é exemplo a seguir, só podem
queixar-se de si próprios. Estes adultos não só levam ao abandono dos próprios
filhos, como também dos filhos dos outros!
O que muitos
destes agentes desportivos transportam para o futebol é a vitimização que
encobre as suas frustrações pelo caminho que escolheram. Pois que não sirva o
futebol de formação de tapa-remendos dessas frustrações. Que não sirvam os
jovens de bodes expiatórios de culpas pelas quais não são responsáveis.
Este tipo de
intervenientes não tem lugar em desporto nenhum, e muito menos no futebol de
formação. Por isso, ou acordam e reconhecem a triste figura que andam a fazer,
ou então … desamparem-nos a loja!
"𝐐𝐮𝐞𝐫𝐞𝐬 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐨 𝐣𝐨𝐠𝐚𝐫 𝐟𝐮𝐭𝐞𝐛𝐨𝐥? 𝐏𝐨𝐫𝐪𝐮𝐞 𝐧ã𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐞𝐜𝐞!"
15º vídeo de la serie #noseashooligan de la Fundació Brafa contra la violencia en el deporte. #EducaroSonho #respect #respeito #ospaista...

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