sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Requalificação do Estádio do Fontelo

A propósito da recente e badalada falência dos projectos dos Estádios de Futebol de Aveiro, Leiria e Algarve, têm sido notadas as vozes de agradecimento ao Presidente da Câmara Municipal de Viseu por não ter entrado na onda, aquando do Euro 2004. E, nesse contexto, não deixo de louvar Fernando Ruas por na ocasião ter procurado que Viseu fizesse parte das cidades onde se realizaram os jogos.
O interior acabou por ficar arredado deste evento, tendo Viseu condições para assumir o desafio como tantas vezes o Presidente da CMV o afirmou. Agora vir a palco, dar graças por estarmos de fora daquela triste realidade, parece-me ainda assim, uma leitura oportunista ou no mínimo demasiado simplista. O que está mal não terá sido a requalificação ou construção daqueles Estádios mas sim o número e os locais onde tal aconteceu.
Viseu até poderá ser (não o é!!) uma cidadezinha em relação a cidades do litoral mas pede meças a quaisquer uma delas quando toca a encher estádios. Para os mais arredados da discussão, recordo que Viseu quando estava na 1.ª divisão de futebol foi o 4º clube com mais assistência nos campos, a seguir aos três grandes do futebol português e como tal, se mais não houvesse só por isto, diria que comparar o Parque do Fontelo com os existentes nas cidades referidas é estar completamente desatento ao fenómeno desportivo. As Beiras uniram-se, naquele tempo, em torno de um clube e de Lamego a Belmonte, de Pinhel a Oliveira do Hospital todas as estradas nacionais ou regionais, conduziam no fim de semana a Viseu. A região identificava-se com o clube que a representava e galvanizava as suas gentes a encher as apertadas e curtas bancadas do Estádio Municipal do Fontelo.
Com o fim deste cenário pelas razões conhecidas que, o então Académico atravessou, a requalificação do Estádio deixou de ser e ainda hoje não o será uma prioridade actual mas espera-se que o Fontelo a breve prazo seja motivo de um plano de intervenção bem estudado que, complemente as melhorias que têm sido ali realizadas.
E digo bem estudado porque, pior do que o dinheiro que lá se poderá gastar é fazê-lo sem visão de futuro, à semelhança do que se fez nos citados Estádios. Viseu, acredito eu, saberá justificar um estádio moderno com salas de apoio a atletas, treinadores, jornalistas, “corredores de fim de semana”, enfim… um Estádio útil. Não temos um Estádio novo às moscas e alvo de falência é certo mas, também não precisamos de um ter um Estádio velho, acabado, gasto, sem condições para os atletas e para os espectadores para gáudio de alguns, pois não?
Pelo Fontelo passam diariamente mais de 6 clubes e ao fim de semana realizam-se dezenas de jogos envolvendo centenas de jovens. O Fontelo não é, nem nunca foi, ao contrário do Mário Duarte em Aveiro ou do Magalhães Pessoa em Leiria da exclusividade de um só clube e Viseu é e tem sido, uma região com muito e bom desporto de competição, que não se resume à falência do Estádio de futebol, como alguns querem fazer passar.
E por isso e para ser coerente comigo mesmo, não posso deixar passar as opiniões sobre a falência dos Estádios do Euro de uma forma simplista e desapropriada, quando Viseu não tem alta competição, não tem desporto profissional, não tem uma referência desportiva em nenhuma modalidade mas também não tem as condições que deveria ter…
E não tem porque as prioridades são outras!
Votos de louvor nessa matéria valem o que valem!
in Jornal do Centro de 29 de Janeiro de 2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não há vencedores por acaso

As cidades de Tondela e Viseu viveram, no sábado, momentos de fortes emoções e de enorme alegria com as vitórias dos seus clubes. As subidas à 2.ª Divisão Nacional de futebol foram conseguidas depois de muito sofrimento, mas o desporto, o futebol também é isso mesmo.
Depois das descidas de Nelas e Penalva, o Distrito corria o risco de ficar fora desta divisão que, não sendo apelativa em termos económicos e desportivos, é sempre a etapa superior ao nível do futebol semi-profissional/amador.





O Plantel do AVFC e a equipa técnica dirigida pelo Prof. Miguel Borges que iniciou a época


As expectativas, nestas ocasiões, são sempre as mais animadoras. Viseu correspondeu ao ir a Fontelo apoiar o Académico e mais do que isso, viver intensamente um jogo de futebol. Uma subida de divisão é um feito enorme, conseguido sempre com dificuldades, com muito espírito de vitória, de conquista. Estes são elementos chaves que têm agora de ser transpostos para a nova época. Aproveitar a onda de ânimo existente. A moldura humana presente no Fontelo no sábado foi demonstrativa que os viseenses gostam de futebol, apreciam este espectáculo desportivo e dizem presente se o que lhes for oferecido for de qualidade, emocionante, apaixonante.
Futebol sem público não existe, não interessa. Cabe aos responsáveis desportivos modernizarem cada vez mais os clubes, tornando-os transparentes e aglutinadores.



Luís Almeida ex-guarda redes do CAF, foi o treinador da subida


As subidas são tónicos importantíssimos para todos os que servem e têm responsabilidades nos clubes de forma a continuarem a fazer um trabalho que os motiva.
Acredita-se que os dirigentes de hoje têm os pés bem assentes na terra e não mais vão entrar em loucuras que hipotequem o futuro dos clubes. A manutenção neste escalão do futebol português é o objectivo destes clubes.
Tondela e Viseu têm excelentes estruturas desportivas que oferecem aos seus clubes seniores, cabendo agora a estes fazerem uma gestão realista na área dos recursos humanos.
Uma subida do Académico de Viseu à liga profissional terá de ser feita sempre degrau a degrau, sustentada. Viseu e a região envolvente vão ter de se unir em torno de um Clube que os represente e dignifique, na certeza que todos temos a ganhar.


in Jornal do Centro de 12 de Junho de 2009

Futebol

O futebol é o jogo mais popular do mundo. É um jogo maravilhoso para praticares e veres. És capaz de ver uma bola e não lhe dares um pontapé?!
Calcula-se que o futebol, ou o jogo que lhe deu origem, nasceu na China, há cerca de 2000 anos, quando um Imperador obrigava os seus soldados a fazerem um jogo para ganharem resistência física.
Em Portugal, foi em 1888 que se fez a primeira exibição de futebol. Em Cascais realizou-se esse ensaio para mostrar ao povo português o jogo que já se jogava desde 1863 em Inglaterra.
Sendo o futebol, sobretudo, um jogo de equipa baseia-se muito nas habilidades individuais dos atletas. Para tal existem escolinhas de futebol em todo o Distrito de Viseu, onde podes aprender todos os princípios do jogo, competindo e aperfeiçoando-te cada vez mais para seres como o Cristiano Ronaldo.
É muito divertido aprender as habilidades, as fintas, o controlo da bola quer seja de cabeça, com o peito e as coxas, assim como com os pés.
O futebol joga-se em qualquer parte do mundo e não precisas de equipamento caro, ou mesmo de muito espaço. Não precisas de ser alto nem forte para jogar. Aparece numa escolinha e marca um… goloooooooooooooooooooo.


in Suplemento infantil Malta do Jornal do Centro de 27.02.2009

Viseu no caminho do sonho

O estágio da selecção portuguesa de futebol em Viseu tem um balanço final bastante positivo. As expectativas foram superadas no que respeita a adesão popular a este evento.
Muitos pseudo-intelectuais, artistas de “vão de escada” não entendem, não aceitam que as pessoas se mobilizem em volta de uma selecção de futebol. Como se a cultura, o desporto, sejam áreas menores.
Viseu viveu duas semanas com mais cor. A comunicação social estava por toda a parte da cidade. Todos os recantos foram vistos e revistos nas TV´s portuguesas. A divulgação de eventos foi feita. Nunca Viseu teve tanto tempo de antena.
Na blogosfera foram muitos que não gostaram de ver Viseu ser «capital» do País na televisão. Pobres mentes que não sabem seleccionar um canal. Usar o comando da TV. No meio de tanta euforia, emoção sempre aparecem os “Velhos do Restelo” que não gostam de nada. Eles a quem nada se lhes reconhece a não ser isso mesmo: falar mal, por falar.
A vivência dos viseenses com os visitantes foi total. Só o desporto e a cultura conseguem mobilizar as pessoas com um sorriso nos lábios, com umas cantorias, um visual apropriado com o acontecimento.
O que se passou não foi nem o melhor evento do Mundo, nem o pior. Foi nosso e vivemos como sabemos, como desejamos. Nada mais do que isso.
Os elementos da selecção visitaram a unidade de pediatria do Hospital de São Teotónio e o Centro de Deficiências Profundas, da União das Misericórdias portuguesas, numa demonstração única de afecto para quem mais precisa e que tem nestes momentos motivos para sorrir. Estas visitas são sempre lideradas por Scolari numa demonstração inequívoca de respeito e carinho por estes cidadãos.
São estes acontecimentos que têm de ser feitos. Revelados.
Várias acções paralelas decorreram durante o Estágio e Viseu aproveitou para se promover. São Pedro é que não foi muito colaborante para connosco. O comércio, que atravessa tempos difíceis, não teve a procura que legitimamente esperava. O estágio não era a cura de todos os males mas nos tempos que correm todos os motivos são justos para perspectivar a realização de dinheiro pelo comércio local que tanto dele necessita.
Em termos desportivos o estágio não foi feito para que os intervenientes no desporto da região aprendessem “coisas” novas, tivessem contactos com outra realidade. Perdeu-se aqui, a meu ver, uma boa oportunidade de proporcionar aos Técnicos, Massagistas e outros elementos ligados ao desporto novos conhecimentos através de profissionais de muita qualidade como são os da Selecção Portuguesa de Futebol. Mas o tempo era de trabalhar para o Euro 2008 e a concentração estava, e bem, virada para aí.
Uma palavra para a recepção à Selecção por terras helvéticas: emoção. Os nossos emigrantes viveram este momento com grande intensidade e a nós cabe-nos respeitar e dizer-lhes obrigado. A forma com que os seleccionados vão utilizar este apoio incondicional será outra história.

in Jornal do Centro de 06 de Junho de 2008

O Euro Viseu

O Euro 2008 pode ser um momento de afirmação da selecção nacional de futebol. Portugal, através do desporto, apresenta-se como um país moderno e competitivo.
Das várias áreas ou actividades é o desporto, o futebol em particular, das poucas em que estamos no Top Ten a nível europeu.
Chegar a um patamar destes não é uma tarefa fácil. Provadíssimo está que não chega ter bons atletas para se ter êxito. O trabalho, o rigor, a disciplina são aspectos fundamentais para se conseguir o sucesso.
Viseu tem o privilégio de receber o estágio da selecção para o Euro 2008. Como era previsível, o cidadão comum não tem a noção do que é um estágio de uma equipa profissional de alta competição. Muitos esperavam cruzar-se com a Quaresma, o Moutinho na sua padaria de bairro!
A concentração a que os jogadores estão sujeitos é muito elevada. Todos os dias têm trabalho físico, técnico, táctico e mesmo mental. Não podem andar no passeio… como todos gostariam que acontecesse. Escolas, lares de terceira idade, instituições públicas e empresas todos gostavam de receber a visita da selecção. Isso não é possível.
O descontentamento de muitos adeptos da selecção tem sido visível. Todos os motivos são válidos para criticar os atletas. Há muita confusão na cabeça das pessoas que julgam e sentem-se no direito, vá lá perceber-se porquê, de exigir um aceno, um sorriso de cada atleta, mesmo quando este está no seu locar de trabalho (campo). O público atribui, muitas das vezes, o sucesso pessoal destes portugueses à sorte.

O êxito que alcançam parece fácil a quem não o alcança. Mas a felicidade, reconhecida no sucesso, tem muito de tristeza. O caminho até ao êxito é longo e de noites de solidão, de choro. Muitos destes jovens atletas, hoje de sucesso, viveram desde cedo longe dos seus familiares e são a excepção ao terem a vida que escolheram: futebolistas. O sucesso é uma consequência.
São centenas os que ficam pelo caminho. Que desistem. Que deitam a toalha ao chão. Viviam de um êxito que ainda não tinham. O talento, muitos têm, mas é o trabalho que faz a diferença entre os que têm sucesso e os outros.
Viseu tem estado à altura de receber este estágio. Alguns adeptos nem por isso.
O Teatro Nacional Dn.ª Maria vem fazer uma temporada a Viseu. Façamos este exercício. Seria natural interrompermos os ensaios pedindo acenos, sorrisos?! Claro que não. E muitos outros exemplos se podem dar. O futebol é diferente. Sabemos que sim, mas tem de ser para o bem e para o mal.
A organização tripartida deste estágio tem encontrado algumas dificuldades em satisfazer todos os pedidos de bilhetes para os treinos e para o jogo. Entradas gratuitas nunca são a melhor forma.
O facto de ter feito o pré-escolar há muitos anos, de ainda não andar na actividade senior, não andar nos passeios de domingo em bicicleta, justifica que não apreciasse ser «convidado» a assistir às sessões de treino. Que ía lá eu fazer se não ando no desporto, não gosto de desporto!!! Mas são opções e agora nada se pode fazer.
Feliz de quem recebeu um bilhete e não precisa de agradecer a ninguém além de si mesmo.



in Jornal do Centro de 29 de Maio de 2008

“Somos Todos” & Scolari

“Somos Todos”

Viseu está, como previsto, na abertura dos noticiários televisivos, radiofónicos e em dossiers especiais sobre o Euro 2008 na Imprensa escrita. Orgulhamo-nos da nossa Região, de ser Beirões e agora podemos partilhá-lo com o país.
Alexandre Alves identifica Beirão como ” …um Homem de carácter: vertical, franco e inteiriço” e são estas características que nos vão ajudar a assumir a nossa condição de adeptos, apoiantes de uma paixão nacional. Sem preconceitos ou complexo de inferioridade.
Mas nós sabemos, os que aqui vivemos, que nem todos têm orgulho em ser Beirão e quando vestem um fatinho com gravata e viajam para Lisboa esquecem-se de quem são, onde pertencem. Passemos à frente.
A selecção portuguesa já trilha o último caminho antes do Euro 2008. Viseu que se auto-proclama “Coração de Portugal” recebe os jogadores com bandeiras nas janelas, cartazes nos postes de iluminação, cachecóis saídos das janelas dos carros. Aquilino Ribeiro escreveu “Viseu, por si, é uma cidade encantadora” e, quando associada a um evento destes o encantamento torna-se muito maior.
Hoje a selecção “somos todos”, expressão utilizada pelo seleccionador, e em que cada um de nós é parte desse todo. Só assim podemos desfrutar da festa, envolvemo-nos no apoio, na paixão que o futebol ainda tem.
O Estádio do Fontelo tem-se demonstrado pequeno para tão grande procura. A verdade é que este é o nosso estádio, ou da Câmara se preferirem, e chega perfeitamente para o futebol que temos e que merecemos ter, durante o resto do ano. As infra estruturas desportivas existentes são de qualidade e são suficientes para um clube profissional de futebol. Falta é o clube.
A requalificação do Fontelo deve englobar o Estádio a médio prazo, mas não é uma prioridade do Concelho em termos desportivos.
Scolari

Scolari tem à disposição um lote de excelentes futebolistas. Depois do segundo lugar em 2004 e da 4.ª posição no Mundial de 2006, a ambição pode ser do tamanho do sonho. Sonhar é mesmo uma característica do povo português que, ainda hoje, sonha com o regresso de D. Sebastião.
Quem neste país triunfa com trabalho, com rigor, com liderança é mal reconhecido ou melhor, invejado. Scolari é um técnico de referência, que tem êxito. Disciplinado, defende o benefício do Todo em sacrifício do individual. Os portugueses são alérgicos à disciplina, têm dela uma visão negativa. A tendência é para associar disciplina com algo que lhes é imposto contra vontade e não algo que se adopta, baseando-se no reconhecimento dos seus benefícios.
A experiência de Scolari é enorme e a disciplina é a base de uma forte e eficaz liderança. Uma disciplina sensata com regras que podem ser cumpridas na totalidade. Mas é esta disciplina, este rigor que fazem dele um «duro» para os críticos do costume. Um excelente treinador a quem se pede que continue a somar êxitos desportivos no comando da selecção portuguesa.
Como treinador que é, terá sempre nos resultados desportivos um barómetro e ele próprio saberá fazer a análise dos mesmos em função do seu trabalho e da sua continuidade. Há pessoas assim. Sabem ocupar o seu lugar e por isso, dizem, têm «mau feitio»!
No campo, Scolari, quase não é questionado. Diz bem do seu valor.
Força Portugal.

in Jornal do Centro de 21 de Maio de 2008

Prime Time

O estágio da selecção portuguesa de futebol em Viseu é uma oportunidade, quase única, de afirmação da cidade de Viseu e de toda a sua Região.
A comunicação social está presente em Viseu de uma forma nunca vista. Não só o trabalho do campo dos atletas vai ser alvo da sua acção, como todos os eventos e realizações que se desenvolvem à volta deste.
A presença da selecção em Viseu é um acontecimento social que traz à cidade milhares de visitantes e que nos compete a nós, viseenses, receber bem. Serão dias de festa, de animação.
Os hotéis em Viseu encontram-se lotados. O comércio vai ter muito mais procura. Não podemos querer ganhar tudo nestas duas semanas, mas investir no regresso dos visitantes. Viseu tem no Turismo uma aposta grande a fazer.
A Câmara Municipal de Viseu elaborou um programa de actividades que decorrem em paralelo ao estágio que dão mais cor e movimento a esta manifestação desportiva. O regresso da animação da cidade ao Rossio saúda-se pois é, e será sempre este espaço, a sala de visitas e de encontro de todos os viseenses e de quem nos visita.
A actividade desportiva da responsabilidade da CMV tem demonstrado bastante dinamismo e dar mostras de quanto o desporto pode e deve ser importante no desenvolvimento de um concelho, no desenvolvimento dos seus cidadãos.
Hoje, falta-nos desporto de competição em Viseu. Os clubes não conseguem motivar as pessoas, as pessoas fogem de cachecol ao ombro para os grandes clubes. Vá lá perceber-se esta fuga! O Franco, o Pinto e o Vieira agradecem os euros que lhes dão para gastarem nas excentricidades dos seus clubes, na promoção das suas cidades.
Viseu não deve ser só a maior cidade europeia sem comboio como é aquela que não tem uma modalidade desportiva de competição profissional ou mesmo semi-profissional. Eventos como este, estágio da selecção, servem para nos fazer viver o ambiente, o espírito desportivo de uma grande competição.
A organização profissional deste estágio, a cargo da F.P.F., não permite desvios ao programa e muito público vai ficar decepcionado quando se aperceber que os atletas estão em Viseu para trabalhar e não em passeio. Mas a sensatez vai prevalecer e todos os esforços são válidos para estar perto da festa.
Scolari já escolheu os 23 “Viriatos” e saúdo a selecção feita por quem a deve fazer, por quem tem em posse todos os dados que permitem uma escolha justa e rigorosa. Eu assino por baixo.
Viseu vai sempre ficar ligado a este grupo. O futebol está presente em Viseu transmitindo paixão, festa. Chega de portugalidade negativa e saloia.
Aproveite-se para congratular os intervenientes em todo este processo que levou Viseu a ser a cidade escolhida para a realização de tão importante estágio.
O futebol vai ser o meio e não o fim.
Viseu está no prime time.

in Jornal do Centro de 16 de Maio de 2008

A VERDADE é o que fica no fim

Três anos se passaram e tudo continua igual. Dezenas de artigos, aqui publicados, relataram um pouco do muito que se passa.
Os casos acumulam-se no futebol português. O que vem acontecendo não é mais do que o efeito retardado do que já aconteceu na Europa. Aqui tudo chega mais tarde e, quase, nunca se sai do mero plano de suspeição que se eterniza na morosidade das investigações.
A promiscuidade politica / futebol parece estar enraizada nas Instituições portuguesas que não há forma de ser erradicada.
Problemas financeiros levam à desistência de colectividades históricas e vencedoras no campo desportivo. A gestão das mesmas é que foi sempre feita de uma forma «louca». Ninguém, até hoje, continua a pôr cobro na situação e continuamos a ter clubes com défices financeiros enormes e irrecuperáveis. A própria verdade desportiva está em causa. Quem paga aos seus atletas e técnicos, à Segurança Social, ao Fisco está em desvantagem com os «xicos-espertos» que fazem contratos que não podem cumprir e acabam por não pagar a ninguém.
Espera-se que a nova Lei de Bases provoque uma alteração profunda no desempenho e vivência dos agentes desportivos.
Em Portugal só vive no desporto quem é do “Sistema“, nas artes e cultura do “Meio“, na política do “Aparelho“. Palavras diferentes que definem precisamente o mesmo, a mentalidade portuguesa do Factor C.
Na teoria todos os intervenientes no desporto defendem a modernização, a transparência, o desportivismo. Na prática está tudo igual.
Boas férias.

in Jornal do Centro de 27 de Junho de 2007

Defeso futebolístico

O defeso é a denominação que, em futebol, se dá ao período que medeia entre o final de uma época e o começo de outra.
Nesta fase costuma-se fazer o balanço da actividade do ano anterior e programar a(s) próximas(s). No futebol português a gestão é, ainda, quotidianamente. Desportivamente os sucessos são facilmente identificáveis. Não se descer de divisão já é bom. Subir é excelente.
Apreciar o desempenho de um clube só pelo aspecto desportivo de uma época é redutor. Muitos outros factores deviam ser considerados na análise desse desempenho. Estruturas fisicas, receitas, despesas, captação de sócios, formação/rentabilização de jogadores são elementos essenciais para uma avaliação rigorosa.
Clubes há que a próxima época já tá programada. Começa-se a trabalhar cedo, para depois se poder trabalhar bem. Outros estão mais atrasados pois a época, também, «terminou» mais tarde.
A indefinição directiva em outros clubes complica sempre o estabelecimento de objectivos a curto e médio prazo, assim como a constituição do grupo de trabalho. A parte técnica é sempre de fácil solução. Treinadores e jogadores estão, há muito, habituados a entrar em campo sem aquecer e existem para todos os gostos e feitios.
Os dirigentes é que precisam de mais tempo para tomarem a rédea das situações e se inteirarem do que a sua função exige.
Num tempo em que dirigentes são cada vez menos, em que o associativismo tem gerado poucos directores é de bom senso que a união entre todos aqueles que estão disponíveis prevaleça naquilo que os une: o servir o seu clube.

in Jornal do Centro de 18 de Junho de 2007

O caminho natural

A escolha de um treinador é sempre um processo difícil. Perfilam-se sempre vários candidatos a exercerem um cargo de treinador em quase todos os clubes. Quem tem de fazer a opção de escolha deve ponderar sempre vários aspectos.
Assim como os clubes, também os treinadores, possuem características diferentes e têm a sua própria marca. O futebol tem evoluído consideravelmente em termos científicos que dão base ao treino. Os técnicos constituem equipas, as chamadas «Equipas Técnicas», com o propósito de gerirem todas as áreas técnicas, psíquicas e físicas do grupo de trabalho.
Estratégia, trabalho, disciplina, versatilidade, amizade, psicologia e conhecimento de recursos humanos existentes são termos que hoje, quase todos, os Técnicos dominam.
As Equipas Técnicas são elas, também, geradoras de novos líderes. O papel exercido pelos colaboradores do Técnico Principal permite a estes a aquisição de inúmeros conhecimentos e vivências que os obrigam mais tarde ou mais cedo a fazerem eles próprios o seu caminho.
Mourinho é o caso mais mediático de um “Adjunto” que evolui para Técnico Principal. Na região de Viseu outros seguem este caminho. O começo nas camadas jovens e a passagem a uma equipa técnica é, quase sempre, um óptimo caminho. A muitos falta a paciência para passarem por todos estes degraus.

Prof. João Paulo Correia e Mister Carlos Agostinho

Em Viseu existem técnicos, que têm condições, para darem o salto para a liderança de uma equipa pelo trabalho desenvolvido, quase sempre, na sombra do Técnico Principal. Prof. João Paulo Correia e Prof. Vitó Marques, são exemplos deste grupo de colaboradores.

in Jornal do Centro de 30 de Maio de 2007


Mourinho: The special one

José Mourinho é, justamente, considerado o melhor treinador português.
As derrotas desportivas que tem sofrido nos últimos jogos parecem agradar a muita gente. Muitos portugueses vibram com essas derrotas. Não se compreendem estes sorrisos irónicos por quem tem sucesso profissional.
Mourinho é um dos treinadores com mais êxito desportivo nos últimos cinco anos. O reconhecimento do seu mérito é mundial. A sua reputação só tem sido manchada pelo seu «mau perder».
Sabe-se que, no estrangeiro, Mourinho só é amado enquanto tiver vitórias desportivas. Em Portugal deve ser amado pela qualidade do seu trabalho, pelos êxitos que alcança, por ser um português de sucesso e que não se deixa pisar por ser lusitano. A Inglaterra só o quer enquanto ele ganhar.



Mister Mourinho


O mau perder tem prejudicado a imagem do técnico do Chelsea que continua inebriado na sua pessoa. Não podemos apoiar todos os gestos e atitudes de Mourinho, mas enaltecer a qualidade do seu trabalho. São os próprios atletas a elogiarem-no.
Mourinho promete e tem conseguido cumprir as promessas. É diferente até nisso. Um treinador de futebol é um líder pela função que ocupa. Mourinho já é um líder por natureza.
Os portugueses demonstram não serem capazes de reconhecer o sucesso de um conterrâneo, sem qualquer inveja.
A Liga Profissional Portuguesa de Futebol foi a que teve mais «chicotadas psicológicas», em toda a Europa, durante esta época. Difícil ser treinador de futebol numa mentalidade destas. Não basta a falta de organização e rigor no futebol português!

in Jornal do Centro de 16 de Maio de 2007


“Não Querer é Poder”

A propósito do último Benfica-Sporting cabe fazer uma referência à opção do clube leonino em segurar 1 ponto (nos últimos 20 minutos). O futebol português é o do “Apito Dourado”, dos ordenados em atraso, dos estádios vazios, dos comentadores do dia seguinte serem advogados de gravata, dos fracos espectáculos, da Formação coxa. Esta é a caracterização real do futebol português.
Perante isto a opção do Sporting em jogar para a Liga dos Campeões é legítima. Clubes como F.C.Porto, Benfica e Sporting não devem estar ausentes nesta competição.
A vitória no campeonato nacional português ou Liga de uma qualquer empresa começa a ser menos importante. Quem não está na Europa do futebol não existe.
Os milhões de euros que a Liga dos Campeões proporciona e a competitividade desportiva que lhe está inerente são mais do que suficientes para justificar a primazia de lutar por um lugar que dê acesso directo à prova.
Vários clubes abdicam nas competições internas da melhor equipa, numa gestão que lhes permita andar o mais tempo possível nas provas europeias.

Processo Apito Dourado
Os clubes não podem gerir época a época, têm de ter uma visão estratégica a médio prazo, de forma a não terem num resultado desportivo, menos bom, uma sentença de morte na gestão orçamental.
Não se sabe quando haverá um campeonato europeu de clubes, mas convém desde já ir somando pontos para quando esse momento chegar se estar posicionado na grelha de partida de forma que não se fique de fora.
Não querer é um Poder ao alcance de quem toma opções.

in Jornal do Centro de 03 de Maio de 2007

Por uma boa causa não se teme nenhum juízo

Ainda vale a pena lutar por causas?! Quantas vezes não fazemos esta pergunta a nós mesmo?!
Andar no desporto, pelo desporto, pela juventude, pela Instituição Clube, pela região é uma causa!
No desporto há lugar para os profissionais, para os que ambicionam uma carreira mas também para os que estão por gosto, por sensibilidade e conhecimento. Há diferentes escalões, diferentes divisões que permitem espaço para todos.
Seja qual for a forma, que se opte para estar, todas elas são dignas e necessárias, pelo que merecem perante o “poder” da comunicação social o mesmo tratamento em verdade e rigor.
O protagonismo, a assiduidade são coisas diferentes.
No caso, particular, um treinador de jovens assume-se sempre como protector do seu grupo de trabalho, em relação a todos que em face da sua primeira escolha deturpem e ignorem factos. Um treinador de jovens constrói uma alta percentagem do tempo de formação de um atleta. Não pode aceitar que outros julguem o jovem/atleta/equipa de uma forma leviana, pouco rigorosa.
O papel central do treinador no desenvolvimento, no desempenho, na motivação e organização leva-o a ser o escudo do seu grupo de trabalho. Muito do tempo de treino de jovens é ocupado na transmissão dos princípios básicos do desporto em detrimento da táctica. Há outros Valores importantes em jogo. Ainda nem atletas de carreira são…
Escrever num órgão de comunicação não é o mesmo que escrever no jornal do clube, da escola ou da Paróquia. Exige-se mais rigor.
O treinador precisa de estar sempre muito atento.

in Jornal do Centro de 18 de Abril de 2007


O jogo de uma vida

O quarto maior evento do mundo é o Mundial de Râguebi. Portugal vai estar presente como a única equipa amadora na competição.
Este feito é simplesmente notável. Num país em que o desporto é, na maioria das vezes, uma passerelle de pavões, de improvisos, esta qualificação da selecção portuguesa de râguebi torna-se num exemplo impar no desporto português.
Tomaz Morais, seleccionador português, começou em 2000 a projectar o desenvolvimento do râguebi nacional tendo como alavanca a selecção nacional composta por engenheiros, gestores, médicos, advogados entre outras profissões que têm um nível académico reconhecido. Não é por acaso que estes resultados acontecem. São atletas com cabeça, tronco e membros que sabem o que querem e o que devem fazer. Não deixam de ser homens que também confraternizam.
Aqui não há lugar a dirigentes televisivos.
Portugal vai defrontar a Nova Zelândia num campeonato do Mundo. Algo impensável há menos de 3 anos atrás. É um jogo de uma vida. O resultado será o que menos interessa, na certeza porém, que também nas derrotas desportivas se aprende, se evolui. Isso está garantido. O desporto de competição é isso, disputar o jogo com prazer e competências desportivas e humanas.
O râguebi nunca mais será o mesmo em Portugal. Não se espera grande adesão de jovens para a prática da modalidade, mas ficará sempre um marco, um exemplo de como se deve trabalhar na formação de uma equipa.
São heróis de uma Nação: atletas, técnicos e todo um grupo de acompanhantes dedicados à modalidade.

in Jornal do Centro de 03 de Abril de 2007

Fontelo: pulmão da cidade

A comemoração do Dia Internacional da Árvore remete-nos para a mata do Fontelo e a sua importância na prática desportiva. O parque Municipal do Fontelo, alem de ser uma referência botânica, é um espaço de excelente qualidade para a prática do desporto.
Há muito que se defende um projecto de requalificação para este espaço, que acolha a prática desportiva (amadora e profissional) sem ferir o meio ambiente. Tem-se verificado pontualmente a renovação de infra estruturas desportivas.


Os atletas que praticam a sua actividade desportiva na Mata do Fontelo são os primeiros na guarda deste pulmão da cidade. A autarquia deve dar mais atenção a este Parque assegurando a manutenção e renovação da floresta e equipamentos existentes.
A procura acentua-se nos finais das tardes e fim de semanas pelo que se justifica a existência de responsáveis técnicos desportivos, cuja formação adequada lhes permitia não só promover o desporto, orientar os desportistas como a protecção da natureza.
Uma actividade física bem escolhida, correctamente doseada, de acordo com os gostos de cada um, contribui para uma melhor qualidade de vida.
Todos nós sabemos que ainda fazemos pouco exercício, pelo que, se deve através desta conjugação - natureza/desporto - promover e motivar os cidadãos a cuidarem melhor do seu organismo. A capacidade de resposta às diversas agressões a que o nosso corpo está sujeito será, assim, mais eficiente.
O Fontelo tem de ser preservado e são os atletas que o frequentam os seus maiores defensores, nunca é demais dizê-lo.



in Jornal do Centro de 22 de Março de 2007

Desporto melhor e mais bonito com Elas

Comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Seria mais um simples dia de semana, de trabalho, não fosse esta particularidade.
A nós cabe-nos questionar o porquê da existência de poucas mulheres no desporto, em especial no dirigismo.
E seriam bem vindas, sem cotas, mas pelo valor que têm. Portugal é um dos Países com mais mulheres que homens, mas em que o machismo está ainda muito enraizado.
Ao nível de praticantes já hoje podemos afirmar que a integração da mulher é quase total, sendo no entanto, só, nos desportos individuais que o reconhecimento pelas suas perfomances é exorbitado.

Selecção da Associação de Futebol de Viseu
As modalidades colectivas são vistas ainda como lazer, ignorando-se o trabalho e sacrifício que tantas jovens e mulheres fazem. E já há muita qualidade técnica e táctica nas equipas femininas.
O papel da mulher nesta prática desportiva tem vindo a desenvolver-se de uma forma lenta. A população feminina tem se afirmado na sua posição e na existência de uma mulher com renovadas características: ágil, segura, confiante e possuidora da capacidade de enfrentar os desafios dos novos tempos, sem nunca perder a sua feminilidade.
As mulheres não deixam de o ser por serem desportistas e a sociedade tem de se abrir para esta realidade.
Muitas são exemplos disso. Os ídolos não o são pelo sexo, mas pelo sucesso.
A tudo isto falta acrescentar a beleza, sensualidade, sensibilidade, dedicação, valores que as mulheres têm e que o desporto urge em receber para os poder transmitir às novas gerações.
O desporto é muito mais bonito e melhor com ELAS.
Parabéns.




in Jornal do Centro de 07 de Março de 2007

Chicotada psicológica

No desporto usa-se o termo «chicotada psicológica» quando a Direcção de um clube demite o treinador. Presume-se, assim, que quando começa a haver maus resultados, quando os objectivos a alcançarem falham, a demissão do treinador é a solução.
O dinheiro não nasce e o despedimento de treinadores significa sempre mais custos. Será que o Sporting ganhou alguma coisa com Paulo Bento que José Peseiro não tivesse ganho?! Ganhou um gasto acrescido nas indemnizações à equipa técnica que demitiu. Não se podía esperar pelo final do contrato?! Se foi para preparar esta época e ganhar tempo… falhou a estratégia.
Afirma-se que o F.C. Porto pagava ordenados, numa só época, a 3 ou 4 treinadores! Também por isto o défice da SAD portista é enorme. Difícil é pagar os impostos, é não reclamar subsídios camarários e estatais.
No futebol a equipa que vai nos últimos lugares utiliza a chicotada psicológica como uma mudança, uma motivação extra para o clube. É compreensível e sensato. Os próprios técnicos, são muitas das vezes os próprios a demitirem-se, libertam os clubes de mais encargos e possibilitam a procura de novas soluções.
Quando se vai nos primeiros lugares… não há explicações ao nível de resultados. Se alguém falhou não foram os treinadores e os atletas pois, até, ganham mais jogos que os outros.
As razões para um despedimento, sejam em que profissões forem, devem ser sempre bem clarificadas e justificadas. Subir ou descer não pode ser o fim do mundo no desporto, mas hipotecar um clube em troca do sucesso imediato e efémero… é irresponsabilidade.
22 de Fevereiro de 2007

Blogosfera

A blogosfera tem vindo a crescer. É através dos blogs que os intervenientes e adeptos do desporto regional comunicam entre si.
É na Internet que todos temos acesso a muita (des)informação desportiva regional que nos era omitida. De louvar todos quantos fazem este trabalho, de uma forma descomprometida, mas de grande utilidade.
Muita da discussão tem sido feita através destes blogs, tal como o envenenamento. Deve-se, no entanto, continuar a discutir, sempre que haja assunto para se debater desta forma. O leitor seleccionará a informação credível, do «lixo».
O anonimato ou um nick, são as formas mais utilizadas pelos internautas para exprimirem ou incentivarem uma discussão. Não é de todo reprovável se ajuda a expor o tema. Pode ser um mecanismo útil para as pessoas se libertarem.
As pessoas de bem não precisam de anonimato se todos os que as rodeiam também o fossem, pode justificar só por si muitos dos comentários serem anónimos.
O anonimato pode não ser em si mesmo desejável, mas é muitas vezes uma resposta racional a um mundo que é tudo menos perfeito, a melhor coisa a fazer no meio de uma situação adversa.
Não incentivamos o anonimato mas necessitamos dele, alcançamos muita da informação que desejamos.
A Internet é hoje uma ferramenta indispensável a qualquer Instituição e o seu potencial é enorme no serviço que pode prestar, neste caso ao desporto. Não comunicar é, nos dias de hoje, suicídio. É deixar que os outros definam a nossa agenda, tracem o nosso caminho.
07 de Fevereiro de 2007

“Um pouco de sinceridade pode ser bem perigoso, muita sinceridade é absolutamente fatal”

No início deste Século a história do futebol em Viseu fez uma viragem. Uma vez ultrapassado o apogeu, a curva da evolução, começa então o declive dos acontecimentos, o desenvolvimento em sentido inverso. As coisas avançam cada vez mais depressa à medida que se aproximam do seu limite.
O fim chegou rápido ao Clube Académico de Futebol.
Não existiu um pressentimento do sintoma do fim, de que estava a acabar a história viva do clube.
Eis que chega uma tentação demoníaca: munida de uma memória artificial, dos signos do passado (emblema e nome comercial), para enfrentarem uma ausência de futuro e os tempos de tempestade que estão a chegar. Não estarão as pessoas a enterrarem-se, em busca de uma ressurreição improvável? O pior é que não há fim de nada e tudo isto continuará a desenrolar-se de uma forma lenta, fastidiosa. Porque, no fundo, o CAF já está morto e, em vez de haver uma resolução, feliz ou trágica, um destino, temos um fim contrariado, uma recusa da morte.
Assim, o AVFC tem vivido acontecimentos quase irreais, acontecimentos sintomáticos de caos, de uma credibilidade imediata (dada por um ou outro jornalista), mas de uma indeterminação enorme.
Estamos perante um processo paradoxal de recessão?! Parece que a cidade está farta de se alimentar com esperanças, com ilusões.
Uma coisa é certíssima: se não há futuro também não há fim.
Em várias oportunidades, tenho formulado um juízo negativo a esta situação. São reflexões, assinadas, de quem viveu por dentro o CAF e hoje não se revê, mas respeita, o AVFC.
24 de Janeiro de 2007


O derby de Viseu

O Estádio do Fontelo vai ser, este sábado, palco do derby da cidade de Viseu em futebol sénior. Aqui está, estava, uma oportunidade para se promover o futebol viseense, que tanto precisa.
Não tenhamos dúvidas de que o futebol consegue agitar - e de que maneira - a cidade. É preciso querer fazê-lo. Saber fazê-lo.
Este jogo constitui um agradável pretexto para chamar os viseenses ao seu Estádio, que tão vazio tem andado.
Mas mais do que um jogo de futebol tem de ser um espectáculo desportivo. A rivalidade existente pode e deve ser explorada por quem tem obrigação de promover o desporto, a prática desportiva.
Na realidade, são acções de promoção, todas as que levam ao cidadão o interesse, conhecimento do jogo e das vantagens de participar nele. Na prática não existem por cá.
A hora do jogo vai proporcionar que, quase, todos que estão envolvidos no desporto estejam disponíveis e possam assistir. Talvez seja este o único público actual no futebol viseense.
A comunicação social regional não tem motivações, aparentes, para fazer o lançamento de um jogo, de um espectáculo desportivo como este. As rádios não fazem cobertura jornalística do mesmo. Este espectáculo já não vende.
Muitos anos depois, volta a haver em Viseu o derby entre dois clubes que habitam no centro da cidade. O primeiro deste novo Académico de Viseu Futebol Clube.
Como o êxito é, hoje, a única medida do mérito e não se desculpam de modo algum aos homens que não vençam, façamos votos para que sejamos todos vencedores.
10 de Janeiro de 2007

Quem namora pelo fato, leva o Diabo ao contrato

Foi com surpresa que a opinião pública viseense leu um texto inserido no site oficial do Académico de Viseu. Não podemos considerar um comunicado, uma directiva pois não está assinado e refere-se a alguém em… código!
Não se percebe este tipo de recado. Já em 2004 as mensagens em código deram maus resultados, pois não resolveram nada e colocaram todos sob suspeita.
Falta comunicação interna dentro do AVFC?! Organizem-se. Parece que se confirma o pior dos cenários: um novo clube com defeitos velhos.
Esperam-se esclarecimentos ou talvez não. Um facto é indesmentível, a classificação do clube no campeonato distrital da AFV não corresponde, minimamente, ao ensejo dos adeptos academistas. A época futebolística da equipa sénior não está perdida, está comprometida e pode arrastar o clube.
Falar agora que o processo começou mal, não vale de nada. Nunca ninguém respondeu (também ninguém questiona) onde está a Empresa Holandesa de Telecomunicações que iria patrocinar o clube e que foi apresentada pelo Senhor Engenheiro na Assembleia Geral? Afinal a montanha pariu … um rato.
O concelho de Viseu tem as suas equipas na Divisão de Honra da AFV abaixo das expectativas. Mas se Lusitano e Viseu e Benfica fazem a sua caminhada tranquila, não hipotecando o clube na equipa sénior, já o AVFC nasceu para chegar em dois anos aos nacionais e cheio de promessas, mas estas baseiam-se nas aspirações permanentes do homem.
Feliz ano de 2007 a todos os leitores e desportistas.

in Jornal do Centro de 27 de Dezembro de 2006


A forma pouco interessa


Um livro escrito com uma intencionalidade, reprovável, pode ter um papel importante no caso Apito Dourado. Nada deve ficar na mesma.
Não gosto da forma, nem do muito do conteúdo de que trata o livro da ex-companheira do Presidente do FCP. Nem me interessa.
Como alguém que está no desporto as acusações feitas pela autora no que a este domínio dizem respeito, já é diferente. Não somos anjos e sabemos que neste livro está retratado o Presidente do Futebol Clube do Porto, e não só o cidadão Jorge Nuno Pinto da Costa.
Agora cabe à Justiça apurar a verdade. Não somos, ainda, um País da América Latina.
Carolina Salgado vai ter de provar o que escreveu. Que provas dispõe para sustentar as acusações escritas no livro. Não pode fazer de conta que não escreveu nada. A vivência de 6 anos, que diz ter com Pinto da Costa, deve-lhe ter ensinado alguma coisa e, se ele é o homem que ela diz ser, salvaguardou-se antes de escrever.
O Presidente do Futebol Clube do Porto sai mal desta história. Ou será que como disse à chegada ao Funchal: “o que interessa é que o Porto seja campeão” e faz esquecer tudo, arquivando-se o processo?! É que histórias deste teor não vêem de agora.
O Clube sai muito mal. É o seu Presidente.
O FCP é a melhor equipa portuguesa, é a melhor organização de futebol sénior portuguesa. Não se misturem as coisas. Mas saber como se chegou até o ser, era interessante.
Mas se o Porto for campeão, a forma pouco interessa. É como o relato de Carolina Salgado.
O que interessa é o conteúdo (o ganho). Algum.
Boas festas a todos os leitores e amigos.

in Jornal do Centro de 13 de Dezembro de 2006

Credibilização no futebol

A credibilização do futebol está na ordem do dia. A regulamentação da Lei de Bases do Desporto a ser votada na especialidade reúne vários diplomas que merecem o consenso geral, na Assembleia da República, como o novo regime jurídico de incompatibilidades aos agentes desportivos, a especificidade dos atletas profissionais no regime da Segurança Social, ou a não obrigatoriedade de renovação do estatuto de Utilidade Pública.
Para o adepto anónimo diplomas como estes são no mínimo desinteressantes e não lhe conferem mais valias. Mas um olhar mais atento podemos verificar que a responsabilização dos agentes desportivos pode estar a começar agora.
Os árbitros foram a primeira classe a entregar a declaração de registo de interesses, outros têm de se seguir de forma a não serem discriminados. Espera-se que os Observadores o façam também.
A Liga de Clubes Profissionais demonstra estar com vontade de devolver o espectáculo ao futebol. Não se sabe se tem força, coragem, para ir até ao fim.
As épocas estão muito hipotecadas com as tranches recebidas da Televisão para os próximos anos. Haver jogos desde sexta a terça, a todas as horas, é um mau serviço ao desporto.
Em Espanha os jogos realizam-se ao domingo à tarde, à mesma hora, exceptuando os dois que são televisionados: um no sábado, outro no domingo à noite. E em Espanha o futebol não tem componente comercial?! Claro que tem e é concentrando o espectáculo futebol que o público adere, motiva-se.
Neste país tudo chegam mais tarde e, quando chega, já vem hipotecado.
28 de Novembro de 2006

Géneros jornalísticos

A comunicação social, desportiva, tem dado pouco relevo do que de bom e mau se passa no desporto. A notícia passa quase sempre pelo resultado, excelente de preferência, de um atleta ou clube. Dos dois géneros jornalísticos: informativos e opinativos, que têm funções diferentes e complementares, só o primeiro em forma de relato aparece.
O artigo de opinião sustentado por uma tese é, muitas das vezes, polémico e é frontal. Não é fácil fazê-lo.
A opinião é, obrigatoriamente, identificada.
A nível nacional a comunicação social desportiva continua a não informar sobre os agentes desportivos que são arguidos no processo apito dourado. Ignora por completo o caso. Quando assim é a nível nacional, imagine-se a dificuldade a nível regional.
Nos últimos anos os clubes instituíram as conferências de imprensa e só aparece quem eles querem e quando querem. A dependência da comunicação social é hoje muito grande em relação às informações recolhidas sobres os clubes.
Os clubes são por sua vez muito dependentes dos poderes políticos em termos económicos.
Perante tudo isso constata-se, facilmente, que em meios pequenos as dificuldades aumentam e aparecem os casos como o do Governo dos Açores que atribui uma verba de publicidade no valor de 100.000€ a um só clube e a imprensa local tem dificuldade em questionar a situação. O jornalismo de proximidade tem poucos recursos humanos e económicos.
Mas há bons exemplos. E são esses de espírito crítico, livre e construtivo que nos dão prazer em ler e ouvir.
8 de Novembro de 2006

Campeões na…improvisação

A requalificação de que está a ser alvo o Fontelo leva a, quem não está inserido no desporto, se questione porque razão não tem Viseu um clube profissional com as estruturas desportivas que agora começam a existir. A questão de um clube de referência nacional, devia ter sido discutida quando a extinção do CAF.
Quem tem responsabilidades politicas e desportivas podiam e deviam nessa altura equacionar a criação de um projecto ambicioso e sólido. Não aconteceu.
Parece que a colocação de dois relvados sintéticos e a construção de balneários eram só por si factores de desenvolvimento do futebol viseense. Mentira. Os recursos Humanos que utilizam o Fontelo diariamente são competentes, pois são, quase, os mesmos que ao longo de muitos anos têm vindo a assegurar a formação desportiva a muitos jovens, do distrito, com resultados reais.
Agora o Fontelo tem 6 clubes com várias equipas a utilizarem os campos de futebol. Os gabinetes técnicos, os ginásios, nem sequer foram previstos. Isso sim era preparar o futuro dando as melhores condições e não, só, as boas.

Campo 1.º de Maio requalificado
Hoje estamos muito melhor do que ontem. Mas podíamos estar numa primeira linha. Continuamos a ser os campeões da improvisação. O futebol viseense perdeu uma grande oportunidade de centrar as discussões na construção de um clube viseense que fosse aglutinador de todas as sensibilidades. Não vale a pena culpar quem trabalha nos clubes.
Se querem falar em complexo desportivo deviam ver o do Feirense, com 8 campos relvados, ginásio, balneários, posto médico, gabinetes técnicos, rouparia e cantina.


Campo de Ténis

in Jornal do Centro de 25 de Outubro de 2006


Fontelo: obra inacabada

Quem se deslocou este fim-de-semana ao Fontelo deparou-se com um grande movimento desportivo. O tempo ajudou, mas o facto de se realizarem naquele magnifico espaço, natural, vários encontros de futebol, andebol e atletismo deram-lhe ainda mais cor.
Com alguns anos de atraso, as estruturas desportivas têm vindo a melhorar e a colocação de sintético nos campos de futebol permite uma actividade ininterrupta de várias horas.
Durante a semana convivem várias equipas, dos mais variados escalões etários. A cooperação, a entreajuda entre todos é por demais evidente. São 6 (seis), os clubes federados que utilizam os campos de futebol do Fontelo.
A planificação neste tipo de estruturas deve ser feita por uma equipa que congregue além dos Engenheiros e Arquitectos os Técnicos de Desporto e Dirigentes. O contributo de todos só pode optimizar, mais, as instalações e evita as alterações a curto/médio prazo. É que há pormenores que por muito pequenos que sejam aos olhos dos leigos, são importantes para quem está a trabalhar no terreno, na competição ou no treino. As condições de treino e de jogo melhoraram bastante. É notória a melhoria, comparativamente a alguns anos atrás. No entanto pelo que se descortina ainda existe muito trabalho a ser realizado.
Agora é esperar pelas Piscinas e o . . . Pavilhão.

Parque infantil requalificado

Que linhas e estratégias futuras existem para o Fontelo? É que este levanta um vasto conjunto de aspectos que merecem um conhecimento público, na sua utilização, tão completo quanto possível.
in Jornal do Centro de 12 de Outubro de 2006

Honre-se a o futebol distrital

O início dos campeonatos distritais está próximo. A Divisão de Honra de futebol 11, da AFV, na categoria de Seniores promete este ano ser das mais competitivas dos últimos anos.
Ac. Viseu, Sp.Lamego, Cinfães, Sampedrenses e Mangualde são os clubes que se apresentam, à partida, com melhores condições de subirem de divisão. Lusitano, Carvalhais, Viseu e Benfica e Tarouca são colectividades que se reorganizaram nos últimos anos e em que o futebol é vivido sempre com muita paixão. Lafões continua muito e bem representado, pois além das turmas de São Pedro e Carvalhais conta com as de Vouzela, Oliv. de Frades e Campía.
Mortágua, Lamelas, Paivense e M. da Beira completam esta divisão e são clubes que estão por direito próprio no principal escalão da AFV.
Aguarda-se que os dirigentes ajudem na credibilização do futebol distrital em vez de andarem em constantes mudanças de orientações que só prejudicam os seus clubes e o distrito em geral. Se a nível técnico as equipas apresentam treinadores com currículo, com trabalho feito, é confiar neles e não hipotecar o futuro em mudanças precipitadas.
Reconhece-se já muita qualidade aos atletas dos campeonatos distritais e hoje já se trabalha bem em, quase, todo o lado. As condições de treino são bastante melhores e os conhecimentos de quem as dirige também aumentou significativamente.
Sabemos já, quase de certeza, que a impunidade vai imperar no Apito Dourado para todos os suspeitos e acusados, pelo que é altura de voltarmos ao futebol de proximidade.
21 de Setembro de 2006

Tudo muito previsível

A propósito dos últimos casos do futebol português, recordo aqui um que nos toca a nós, viseenses. Os «quinhentinhos» protagonizados por José Guímaro. Decorria a época de 1992/1993 o Leça vence o CAF por 3-0 e festeja a subida à II Divisão de Honra. A Polícia Judiciária visita a casa do árbitro deste jogo, José Guímaro, e encontra a fotocópia de um cheque de 500 contos (primeira prestação) passado por Manuel Rodrigues, presidente do Leça. Este é um dos casos que aconteceram no futebol português e serve para perguntar se alguém com responsabilidade politica e desportiva se insurgiu, intransigentemente, contra este facto? Acredite-se que houve mesmo um clube que se absteve na votação sobre se o Leça devia ou não ser despromovido.
A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral.
Os casos de arbitragem e má organização enchem noticiários televisivos e alimentam a polémica na sociedade portuguesa. O programa Prós e Contra nas RTP bateu record de audiência na última segunda feira e o Presidente do Gil Vicente teve 60 minutos de entrevista, no horário nobre, do Canal 1. É exagerado, concorde-se.
Mas os (ir)responsáveis políticos e sociais dizem que é tempo a mais para um caso do futebol, que o nível cultural português está muito atrasado, como se não fossem eles os “autores” desta mesma sociedade? Olha quem fala… apetece dizer.
Mesmo a nível local, nem o granito secular do Viriato resiste a este surto social da cultura da mediocridade e assiste incrédulo e estupefacto no seu pedestal feito de nobres valores sociais e humanos à comemoração do dia da criança na Feira de São Mateus com a actuação do artista mais adequado à ocasião, Quim Barreiros!!
6 de Setembro de 2006

Que época vamos ter?

A época futebolística 2006/2007 prevê-se bem mais complicada que todas as anteriores. Em termos de organização de campeonatos, Portugal está na cauda da Europa.
As ligas profissionais estão com os problemas que são públicos, com Gil Vicente, Belenenses e Leixões a disputarem um lugar. O Belenenses está confirmado na 1.ª Liga, sendo que Gil Vicente entregou um pedido providência cautelar no Tribunal Administrativo de Lisboa contra esta decisão e Leixões conforma-se em disputar a 2.ª Liga.
Nas 2.ªs e 3.ªs divisões nacionais, clubes reúnem-se e ameaçam em boicotar os respectivos campeonatos. A desistência de clubes que integraram o sorteio, as deslocações às Ilhas sem subsídios são razões que validam a posição dos clubes.
Os clubes do distrito que participam nos respectivos campeonatos parecem ter tido alguma cautela e apresentam-se com um discurso realista. Os orçamentos em todos diminuíram e agora têm de ser cumpridos. Não pode haver desvios.
Nelas e Tondela apostam na disputa para a promoção nas respectivas divisões. Social de Lamas e Penalva do Castelo continuam o trajecto que têm vindo a percorrer e a estabilidade que transmitem tem fornecido excelentes resultados. Fazer melhor do que na época passada é objectivo.
A Desportiva do Sátão e Santacombadense vão jogar para assegurarem a manutenção no Nacional no mais breve espaço de tempo possível, sendo que os Pinguins têm uma estrutura organizada e motivada que transita da época passada.

29 de Agosto de 2006

“Escrever o que se pensa ainda é um prazer caro”

Mo(vi)mentos é o nome do espaço de opinião que foi criado no Jornal O Derby em 2003.
Com a extinção do Jornal O Derby, esta rubrica transferiu-se para o Jornal do Centro onde quinzenalmente continua a ser editada.
Existe ainda o preconceito de que quem critica é inimigo. e torna-se difícil, num meio pequeno como Viseu, escrever sobre desporto. A paixão clubista «cega» muitos dos seus intervenientes.
Não se pode agradar a todos, e quase sempre o feedback negativo é feito de forma anónima e desenquadrada. Estar sempre a aprender e nunca pactuar com quem não tem rosto.
A todos que partilharam a feitura destes artigos, que ajudam a construir este espaço de opinião só se pode deixar uma palavra: obrigado.

Mo(vi)mentos: momentos, movimentos desportivos viseenses “Escrever o que se pensa ainda é um prazer caro”

20 de Agosto de 2006

Bola para a frente

A nova lei de bases do desporto está a ser ultimada. Depois de um “tour” nacional onde se ouviu e debateu a situação do desporto português e as medidas a tomar está para breve o resultado. Espera-se que interesses e jogos de influência instalados sejam de vez irradiados do desporto português.
O financiamento dos clubes tem sido feito de forma incorrecta e quem trabalha com rigor, qualidade é quase sempre perdedor dentro do campo. O apoio autárquico que tem sido o garante de muitas colectividades vai ter de rever a sua forma de o fazer. O desporto profissional tem de se financiar a si próprio. O amador e formação terão do poder autárquico direito ao subsidio, devendo o mesmo ser sempre justificado, de forma a não ser um amadorismo encapotado.
Uma auditoria do Tribunal de Contas detectou alegados «pagamentos ilegais de apoios financeiros a federações desportivas» nos anos de 2003 e 2004. O Desporto em Portugal parece que não encarreira mesmo.
Para já a nova época futebolística só traz os mesmos problemas e erros de outros anos. As divisões estão coxas. A qualidade vai ser baixa.
Eram vinte clubes que estavam impedidos de participar nos campeonatos nacionais da II e III divisões da FPF. A Associação de Futebol de Viseu alarga o período de inscrição nos campeonatos distritais para tentar evitar mais desistências.
É sempre uma medida de recurso, que adia o problema. Os clubes têm de ser apoiados, motivados e não empurrados para uma competição para a qual não têm condições de participar.

10 de Agosto de 2006

Prémios

O Mundial de futebol 2006 acabou. Para os portugueses será sempre lembrado como um momento feliz e, quase, irrepetível em próximos campeonatos.
A selecção portuguesa foi a melhor equipa no conjunto das duas, últimas, principais provas de futebol: Europeu 2004 e Mundial 2006. A gestão de Scolari veio a demonstrar ser correcta e não pode ser beliscada por uma ou outra opção técnica/táctica com a qual não concordamos.
O prémio de um profissional de futebol é actuar com sucesso nas maiores competições mundiais. O facto de ser profissional implica que receba uma compensação financeira pela sua participação e consoante os objectivos alcançados. Não se justifica, nesta altura, uma isenção fiscal.
Mas, no futebol, já nada nos surpreende. A ditadura da FIFA ficou bem patente na escolha dos melhores jogadores do Mundial, na gestão das conferências de imprensa, nos flash interview de Blatter.
E como o exemplo vem de cima!
O Mundial de futebol é passado e agora é época de centrar as atenções nas competições internas. Para o adepto do desporto regional a leitura da entrevista do Prof. Rui Caçador ao jornal desportivo regional é, quase, obrigatório. É que parece que mais pessoas defendem a identificação entre a região e o seu clube.
Ser-se, exclusivamente, de um clube de Lisboa ou Porto é sustentar os filhos dos outros. A sociedade em que estamos inseridos, onde os nossos filhos estudam, jogam, divertem-se é a que devemos patrocinar, tornando-a melhor e diversificada.
Mas cada um premeia quem quer.

13 de Julho de 2006

Académico

Aguarda-se com alguma expectativa e muita curiosidade a apresentação da nova época do Clube e o projecto que a ela vai estar associado. Hoje, pouco sabemos de quem vai estar dentro do clube, e quais as ideias que vão orientar este novo ciclo.
É este o clube que Viseu vai adoptar para sua referência e como seu emblema?! Então é preciso clarificar muita coisa. Precisa cativar as pessoas, motivar os adeptos, despertar as paixões…
Não repetir os erros do passado será certamente já uma boa regra de partida na nova época. Este, AVFC, foi o projecto escolhido, agora quem o protagonizou e quem o apoiou têm de o levar em frente com frontalidade, rigor.
Vamos acreditar que o silêncio a que o Clube se remeteu é estratégico, que se está a estruturar, a organizar para que quando surgir a apresentação tudo esteja perfeitamente definido e com rumo certo.
Sendo actualmente a gestão de um clube uma tarefa profissional e exigente, é também um trabalho de equipa, sem deixar de, em paralelo, assumir um apontamento pessoal de quem o coordena.
A tudo isto importa somar a imagem, sobretudo a “boa imagem social”, sustentada em rigor, valor desportivo, formação física e humana dos atletas, em síntese, a imagem das boas práticas e dos bons princípios, valores fundamentais na opinião que as pessoas têm ou constroem de uma Instituição.
Defini-la e comunicá-la é construir, por um lado, um capital de confiança com base no valor da Instituição na sua competência e, por outro, um capital de simpatia, permitindo à Instituição ser escolhida, apreciada, defendida e sobretudo respeitada.
Olhar e acreditar no que se vê. Não há quem resista ao exame de uma atenta observação, e o trabalho de um ano pode perder-se na distracção de um minuto. Como diria o filosofo Jean Jacques Rousseau, “a falsidade é susceptível de uma infinidade de combinações, a verdade só tem uma maneira de ser.”
O tempo ditará se mereceram o benefício da dúvida, que para já se aposta no Clube!
28 de Junho de 2006

Força Portugal

Estamos em época de Mundial. As opções de Scolari continuam a ser postas em causa. Num país que se diz, e é, democrático é natural que os responsáveis respondam pelo seu trabalho.
Mas a primeira explicação que se devia dar é como pode o Seleccionador de um pequeno e pobre país como Portugal ser o terceiro mais bem pago da prova. Nem os colossos alemães, franceses, espanhóis com economias superiores à nossa pagam tanto a um treinador. Mas de quem é a culpa?!
Apoiar Portugal é um acto que não implica aprovar muito do que se faz na FPF. A Federação Portuguesa de Futebol e as Selecções Nacionais parecem ser duas instituições diferentes, em que uma é a desorganização, a pobreza e a outra a riqueza, a excelência da qualidade.
O facto da nossa selecção ser constituída por emigrantes não deve constituir qualquer problema, o que aqueles que jogam cá, em clubes com défices enormes, ganham…é que pode ser preocupante.
Quanto a Scolari, um treinador não tem de se pronunciar sobre quem não trabalha com ele. Não se entende a histeria à volta da negação do Seleccionador por não falar sobre quem não selecciona. Mal do treinador que tenha de dar satisfações publicas de todos os atletas que não convoca. Fala sobre quem está.
Confunde-se pedido de responsabilidade com as exigências de justificações para a não convocação do Baía, do Moutinho, do Tonel, do Ricardo Rocha, do João Tomás, do Quaresma, etc.
Scolari tem perfil de treinador. É líder, é disciplinador. É campeão do Mundo.

16 de Junho de 2006

Tributo à MULHER

A Selecção Nacional de futebol, quer se concorde ou não com as opções de Scolari, tem demonstrado uma faceta diferente do Ser Português. E não são os homens a mostrá-lo…são as mulheres… são Elas (e não eles) quem tem dado um bom exemplo de como se estar no futebol!…



Selecção Portuguesa de Futebol Feminino

E não acredito que elas gostem de perder, de ver a sua equipa derrotada. A verdade é que dão é muito mais valor ao espectáculo, à festa, à cor. Divertem-se e enriquecem-se.
O desporto, assim como a vida, não é só de uma cor. É muito mais do que isso. A sua policromia consiste na alegria, na festa, na diversão, no convívio… no fazer dos jogos um tempo e um lugar de encontro para as famílias.



Neide Simões

Mas -porque há sempre um “mas”- sabemos que no futebol nacional dificilmente alguém se diverte. Mas podem bem servir de exemplo os jogos da selecção para que quem “manda”, veja que o caminho que o futebol português vem trilhando ao longo dos tempos é o da falência, do fraco espectáculo, do cinzentão monocromático, onde vale mais haver apitos dourados, valorizar a vitória da nossa equipa mesmo sem o merecer, mesmo com a «ajuda» externa, mesmo sem se saber como e porquê. Se é isto o mais importante… não contem com as famílias nos espectáculos desportivos.
Mas este não é um momento dedicado aos homens (a esses a quem tudo é permitido por “amor ao futebol). É antes um Tributo à Mulher, ao colorido com que cada uma pinta os estádios: o verde esperança, o amarelo sensível e o vermelho paixão!
Subscrevo de alma e coração esta faceta de se estar no desporto.

in Jornal do Centro de 31 de Maio de 2006

Futebol do Distrito tem balanço positivo

A época futebolística 2005/06 chega ao fim. As equipas do Distrito de Viseu nos campeonatos nacionais tiveram uma participação bastante positiva.
Cinfães e Tarouquense desceram aos distritais o que já vem sendo habitual para as equipas, do Distrito, que caiem na série B da 3.ª divisão. Penalva do Castelo e Lamas de Castro Daire foram os clubes que atingiram os seus objectivos atempadamente, fazendo uma época tranquila.
Os pupilos de Carlos Correia tiveram mesmo a subida de divisão no horizonte. Bastante positiva a época para estes dois clubes.
O Nelas e Tondela não começaram bem a época, mas nunca passaram por grandes sobressaltos, havendo sempre a ideia que estes clubes se manteriam nas divisões que disputam O Sátão foi a última equipa a garantir a permanência. As dificuldades dos satenses são conhecidas e a manutenção é já por si uma vitória.
Nas divisões distritais Santacombadense, Viseu e Benfica e Carvalhais foram as equipas mais fortes. Sérgio Nunes em Santa Comba andou sempre no primeiro lugar, marcando posição desde o início da época.

Sport Viseu e Benfica
A subida do Viseu e Benfica é um facto que se saúda. A presença dos viseenses na principal liga do futebol distrital vem alargar as perspectivas de futuro a muitos jovens atletas e volta a trazer ao Fontelo a rivalidade, saudável, entre este clube e os demais do Concelho.
Eduardo Álvaro no Carvalhais conseguiu a subida de divisão numa série sempre difícil e bastante disputada
Desportivamente os resultados são positivos.
in Jornal do Centro de 17 de Maio de 2006


O bom senso é tão raro quanto o rigor

Continua a divulgar-se diariamente a má situação económica do país. Os últimos dados da Eurostat não deixam dúvidas: Portugal continua o país da UE com mais desigualdades.
Os debates têm sido meramente teóricos no que respeita ao rigor que faça cumprir as medidas e fazer crescer a economia nacional. Na prática continua tudo na mesma.
O desporto é um exemplo da falta de rigor na gestão das contas, no protagonismo saloio ainda patente no dirigismo nacional. Os exemplos são muitos e variados e esta semana vieram na comunicação social dois desses.
Portugal fez-se representar nos Jogos Olímpicos de Inverno 2006, realizados em Itália, com um atleta e seis (!!) dirigentes. Não se percebe para que são precisos 6 pessoas a dirigir 1, que até obteve uma miserável qualificação. Outro mau exemplo é o Secretário de Estado da Juventude e Desporto que no portal da Internet, da Secretaria que lidera, aparece em mais de 60 (!!) fotos de todas as formas e feitios. Feira das vaidades paga pelos contribuintes.
São factos como estes que nos desmotivam, num país em que um quinto dos portugueses vive abaixo do limiar da pobreza. Assim não admira que Portugal seja o país da União Europeia com o maior fosso entre ricos e pobres.
Com uma politica desportiva dirigida pelo protagonismo, que paga viagens, a Jogos Olímpicos, a «turistas desportivos», dificilmente o desporto deixa de ser, em Portugal, um espectáculo falido e de pouca emotividade.
E nós que estamos longe do Terreiro do Paço e nem comboio temos para lá ir…

in Jornal do Centro de 03 de Maio de 2006

A litorização tem de ser combatida

A migração dos melhores atletas de Viseu, na procura de condições, para poderem praticar e evoluir no desporto de competição continua a acontecer.
O interior do país não consegue segurar os seus jovens.
Urge a criação de mais e novas estruturas desportivas, de qualidade, que sustentem a alta competição. São estas estruturas que dão maior força nas cidades e ajudam na fixação de jovens. O Ensino Superior e o Desporto são dois factores determinantes na luta contra o despovoamento que o Interior sofre.
O desporto permite uma melhor qualidade de vida das pessoas que terão assim outros incentivos e outros prazeres nas suas cidades. Mas o desporto exige competição, os jovens necessitam de desafios e estes só podem ser competitivos quando tiverem oportunidades iguais aos jovens das grandes cidades.
Estas estruturas têm de ser desenvolvidas quer pela Administração Local quer pelas Associações e Clubes, em grande parte apoiados pela Administração Central. Não é possível adiar projectos que cabem ao Poder Central e Local, pois é a eles que lhes cabem, fundamentalmente, o fomento de actividades relacionadas com o apoio à juventude, ao fomento da actividade desportiva e criação de condições para a ocupação de tempos livres da população e a prática do desporto.
As infra-estruturas a nível de desporto têm vindo a crescer nos últimos anos mas as competições desportivas funcionam da mesma forma há muitos anos, sem que se criem novos incentivos, motivações.

in Jornal do Centro de 21 de Abril de 2006

Tentar objectivar o subjectivo

Como qualquer outra subdivisão que se faça na Imprensa a informação desportiva ressupõe saber específico. Esperava-se que, no Século XXI, o relato escrito dos jogos não fossem feitos pelos curiosos que vão ao fim-de-semana aos espaços desportivos e em seguida telefonam para a redacção a dar as equipas e os comentários aos jogos.
Infelizmente este fenómeno ainda se verifica, na Imprensa regional, devido aos elevados custos que acarreta ter jornalistas profissionais nos quadros. Mas que isenção tem esta informação?! Pode-se sempre dizer que é melhor ter esta que não ter nenhuma e tem uma certa lógica. As probabilidades de ver um texto publicado sobre a «nossa» equipa aumentam. Mas é perigosa esta aproximação com o jornalista.

Muitas das vezes o jornalista escreve sobre o que não presenciou, pelo que deve fazer uma escrita informativa, mais factual (constituição das equipas, substituições, acção disciplinar, golos). Num meio pequeno o jornalista é facilmente identificado.
É que o jornalista é como os treinadores. O seu trabalho é público e diariamente encontra pessoas que se consideram aptos a criticá-lo. Assim como o treinador, o profissional da informação tem sempre alguém na bancada que se diz capaz de fazer uma equipa melhor. Um pode compreender o outro.
Onde começa o jornalista e termina o amigo? Um e outro descobrem a fronteira no dia em que surge o primeiro choque.
No mundo do desporto a função do jornalista só encontra paralelo na do treinador.

in Jornal do Centro de 31 de Março de 2006

Fontelo: um espaço de excelência

A requalificação do Fontelo é um motivo de esperança na evolução do desporto federado viseense. Não se pode fechar os olhos ao trabalho que ali está a ser feito. As instalações estão belíssimas e funcionais.
O futebol de formação será o grande beneficiado da melhoria desta estrutura desportiva. Espera-se que outros desportos beneficiem deste magnífico espaço, que é o Fontelo.
A filosofia que acompanha a prática desportiva juvenil, no universo de todos aqueles que intervêm nesta área, está ainda fortemente dependente da sensibilidade de cada um dos intervenientes, sendo construída, maioritariamente, de uma forma espontânea e intuitiva, fruto de diversos factores condicionantes que quase sempre actuam de forma aleatória e com pouco sentido regulador, deixando ao livre arbítrio dos intervenientes e à respectiva capacidade de reflexão, a sua utilização numa ou noutra direcção.
Este é um tempo de mudanças. Aguarda-se, agora, a criação de um projecto desportivo para um crescimento sustentado da prática desportiva em Viseu. Autarquia e clubes devem trilhar o mesmo caminho, devem buscar a excelência que estas instalações desportivas e a qualidade dos Técnicos permitem acalentar.
Os Técnicos desempenham uma função central no desenvolvimento do jovem atleta, do ponto de vista físico, psicológico, emocional e social. Para desenvolverem este trabalho os Técnicos precisam de condições para o realizarem. O Fontelo começa agora a ter.
in Jornal do Centro de 15 de Março de 2006

O verdadeiro espírito de cidadania consiste também em exigir qualidade

A Imprensa regional tem dado boas notícias no que respeita às novas estruturas desportivas que se estão a projectar em Viseu. Não vale muito falar em atrasos, mas em programa de rentabilização das mesmas a curto/médio prazo.
Os trabalhos de requalificação das instalações desportivas do Fontelo e o facto de Viseu ter sido contemplado pelo projecto Hat-Trick, promovido pela UEFA, auguram um futuro mais feliz para o desporto viseense.
Fazendo contas aos metros quadrados de superfície desportiva útil criada nas últimas décadas e extrapolando para o futuro, à taxa média de crescimento da oferta de equipamentos, o nível viseense ainda vai levar tempo a alcançar a satisfação total.
Mas já é um bom começo.
Espera-se que estes projectos transmitam uma imagem de qualidade, de seriedade e de exigência, no que se refere à sua utilização por aqueles que as vão frequentar. Por isso deve-se defender a necessidade de uma equipa de técnicos especialistas diversificados na coordenação e monitorização destes novos espaços.
A Alta competição tem de voltar a passar por Viseu e essa é sinónimo de excelência em todas as suas componentes, devendo essa qualidade estar presente em tudo que a caracteriza e rodeia. Recursos Físicos e Humanos complementam-se e alcançam resultados de excelência.
É altura de se acabar de vez com a mentalidade do «apito dourado». Esta não produz qualidade, não motiva os verdadeiros atletas campeões e só produz resultados efémeros, que têm hipotecado o futuro.

in Jornal do Centro (03 de Março de 2006)

A qualidade de hoje é a quantidade de amanhã

As responsabilidades assumidas por quem publica os seus trabalhos, independentes do suporte informativo, aumentam com o tempo. A credibilidade é importante e não pode estar em causa, sob o risco de se escrever para o «boneco».
A conjuntura desportiva viseense não permite por vezes grandes reflexões e exposição de novas ideias, de propostas de novas sugestões. Viseu é, ainda, uma pequena cidade em termos de movimento desportivo.
Os resultados publicados pelo INE sobre o número de praticantes federados nas várias modalidades no distrito de Viseu demonstram isso mesmo, que muitas crianças e jovens estão afastadas da prática desportiva. Fora das modalidades «tradicionais» (futebol, andebol e basquetebol) o Distrito de Viseu tem apenas 2.055 atletas federados!
O porquê deste afastamento é a reflexão que se deve fazer. Como motivar crianças e jovens para a prática do desporto?! Não será certamente com retóricas ou rivalidades parolas. A juventude actual é mais exigente e tem outras motivações e focos de interesse. Quer qualidade.
O desporto é mágico. Tem na sua essência algo que os jogos de computador, a televisão ou outras distracções não têm, nem nunca terão. É esta vertente aliada a novas estruturas desportivas e com o valor reconhecido dos técnicos desportivos que se deve disponibilizar. É preciso ajudar a região a superar a condição de “interioridade” e os mais jovens a terem uma vida mais saudável.
O tema, longe de estar esgotado, exige que outros o tratem. No terreno.

in Jornal do Centro (17-02-2006)



“Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes”

A época desportiva 2005/06 está a marcar o desporto português negativamente. A falência dos clubes, dos sistemas são uma realidade que já não se pode mais ocultar.
A realização de Acções que visam debater o desporto e trabalhar uma renovação da Lei de Bases do Sistema Desportivo têm vindo a multiplicar-se, mas continua a não haver incentivos para o aparecimento de agentes desportivos.
A falta de dirigentes, de pessoas disponíveis para a gestão das Associações, Agremiações desportivas e culturais é um grande entrave ao desenvolvimento de um desporto, sustentado, em Portugal. A profissionalização ainda não é possível num país com as graves dificuldades financeiras e organizacionais como nós, e o dirigismo amador não tem conseguido dar resposta às necessidades cada vez mais exigentes do desporto de competição.
Uma nova estratégia deve ser pensada. Os desportos colectivos são de vital importância na formação da criança/jovem. A Escola, as Associações sabem disso e têm de dar a resposta a essa necessidade. E os Pais?! Que se tornaram os dirigentes, os seccionistas que garantem o funcionamento de muitas equipas? Talvez ensinar os filhos a gostar de outros desportos, de fazer uma educação desportiva diferente da existente.
O Ténis de Mesa, o Judo, o Tiro, o Karting, o Golfe, o Ténis, a Patinagem, o Ciclismo, o Atletismo são modalidades que podem seguir o exemplo positivo da Natação que se pratica no AVFC e que tão bons resultados tem dado ao Clube, Atletas, Treinadores, Pais e… à Cidade.


in Jornal do Centro (03-01-2006)

A justiça inflexível pode ser a maior das injustiças

A cessação das actividades do Clube Académico de Futebol caiu que nem uma bomba na cabeça de centenas de crianças e jovens. A angústia sentida quer por estes, quer pelos seus familiares, nada tem a ver com desporto, mas com a Justiça e o seu timing.
O fim, há muito anunciado, veio provocar a maior das tristezas em muitas famílias dos atletas academistas.
O CAF foi o primeiro clube a nível nacional a ser declarado insolvente, fazendo dos jovens academistas, que em nada contribuíram para esse desfecho, vítimas de um sistema que não os protegeu.
A Comunicação Social fez eco das frustrações de todos quantos diariamente faziam do Fontelo a sua segunda casa, que semanalmente trocavam o aconchego do lar pelos campos de futebol. A união patente entre a direcção do AVFC, pais, jovens e treinadores é demonstrativa da velha máxima: é nas grandes tormentas que se vêem as grandes coragens.
A decisão judicial teve consequências ao nível da participação das equipas de formação e do andebol nas competições. A Justiça não pode penalizar inocentes. Se é suposto ser a depositária dos grandes valores humanos e sociais, e o motor de um desenvolvimento harmonioso e sustentado, no que respeita a estas crianças e jovens, falhou na sua missão.
Agora é tempo de gerir o presente e promover a prática desportiva continuada destes jovens e começar a delinear uma estratégia de futuro. Exige-se rigor nas gestões associativas, mas não se pode deixar que estes cidadãos que se dedicam, gratuitamente, ao serviço da comunidade, desmotivem e deixem a actividade.
Começa-se a falar em «caça às bruxas», em vez de se apurar responsabilidades na gestão de dinheiros públicos.
Que o passado não mais condicione o futuro do desporto na Região.
Muitas vezes, é mais importante ter coragem para mudar de ideias, do que para se manter fiel às mesmas.

in Jornal do Centro (20-01-2006)


As grandes verdades são demasiado importantes para serem novas

O ano de 2006 começa sem trazer alguma novidade de que nos possamos orgulhar. Se a nível nacional as atitudes despropositadas continuam a ser noticia diariamente, por aqui fiquemos pelas grandes entrevistas e referências ao pior e melhor de 2005.
Pinto da Costa fala no desaparecimento dos clubes Alverca, Académico de Viseu, Farense e Salgueiros, na falência de Estoril, Ovarense em contraponto com a ostentação de riqueza da Federação Portuguesa de Futebol. Prioridades! O Presidente da República pede que os portugueses se consciencializem de que não há mais hipóteses de perderem tempo, de dar tiros nos pés. Responsáveis não há?!
Sabe-se que ninguém planeia o falhanço, só que algumas pessoas têm falhado no planeamento.
Em Viseu, o fim do futebol profissional do CAF foi a marca negativa do ano e a requalificação do Fontelo a positiva. Por vezes é necessário dar dois passos atrás para se dar muitos em frente. Que seja o caso do CAF.
O Fontelo vai ser, inquestionavelmente, o grande pólo de desenvolvimento desportivo da região. As estruturas construídas vão ser de capital importância e só se espera que os viseenses possam usufruir delas.
No caso CAF ficam para a história 92 anos de existência, mas não se pode andar a ajudar continuamente uma Instituição fazendo o que ela devia ter feito por si própria. Quem morre paga todas as suas dívidas.
Quanto ao Académico de Viseu … tornar-se pai é fácil, difícil é sê-lo.
O Congresso do Desporto em Viseu não vai trazer nada de novo. Oportunidade perdida.

in Jornal do Centro (06-01-2006)

Os pais também jogam

ÉTICA NO DESPORTO Os pais também jogam   Cfcs Carregal Do Sal #EducaroSonho #eticadesportiva PNED #eticanodesporto #ospaistambemjo...