Aproxima-se o
início de uma nova época desportiva. Esta é altura que muitos pais têm de fazer
a escolha das modalidade e/ou clube em que vão inscrever o seu filho.
Concentramo-nos neste texto
apenas nas crianças que vão começar agora a atividade desportiva federada. E
nasce o dilema para os progenitores: para que clube vai o meu filho?!
A verdade é
que os pais não estão, na maior parte das vezes, preparados para serem pais de
atletas. A vida vai alterar-se quando o filho entrar no desporto e muita da
rotina familiar passar a ser organizada em função dos horários desportivos. É
ainda de acrescentar que os fins de semana também serão condicionados pela
participação do filho na competição.
Os pais têm de
ter no desporto a vivência que têm na vida escolar e procurar entender a
importância do desporto e o valor que se atribui à sua prática, bem como
adquirir o conhecimento mínimo da modalidade.
Os clubes têm
de entender e de se preparar para estas situações, pelo que devem disponibilizar
toda a informação aos pais de forma rigorosa e verdadeira. Se não fizerem este
tipo de trabalho, vão criar condições para que inúmeras vezes os pais se indignem
e se sintam frustrados. Atualmente existe a consciência da importância de se
garantir o apoio de pais bem informados. A realização de uma reunião com os
pais no início de cada época, é uma ideia-chave para reduzir a possibilidade de
atos desagradáveis. O tempo que se gasta na preparação e concretização desta
reunião/apresentação será um bom investimento. O principal objetivo é aumentar
o valor que deve ser atribuído à participação das crianças na prática
desportiva do clube, para o seu desenvolvimento físico, psicológico e social.
Os pais têm o
direito de ser exigentes e para isso devem informar-se sobre a filosofia do
clube, os seus recursos humanos e estruturas físicas. Para ser efetiva, a
comunicação tem de se basear numa troca de informações nos dois sentidos e
implicar todos os intervenientes. As
conversas devem ser sempre fora dos treinos e das competições. É muito
importante que saibam a quem vão entregar o filho e tenham confiança nessas
entidades.
Por vezes os
pais, mal informados, começam a valorizar-se a si próprios em função dos
resultados que o filho consegue alcançar e transformam-se em vencedores e
vencidos através da pressão exercida. As crianças não são troféus. A criança,
que só quer ser feliz, pode não encontrar no espaço desportivo um ambiente
saudável.
Hoje qualquer
jovem pode treinar em clubes das grandes cidades que, numa aposta de marketing, têm datas para receber
atletas que os pais «empurram» para o que pensam ser mais fácil para alcançar o
sucesso. Hoje já se trabalha bem em quase todo o lado. Para se fazer um jogador
de topo, dezenas de jovens viram as suas vidas frustradas pela aposta «cega» no
desporto. Reflitam sobre isso.
Os dirigentes
e treinadores têm também um papel decisivo, pois muitas vezes estão unicamente
centrados no treino «profissional» e nos resultados, ignorando os aspetos
principais da iniciação da prática desportiva: valorização das atitudes, ética
e fair-play.
Quer as
crianças ganhem ou percam, o importante é divertirem-se na competição, sendo o
resultado uma mera indicação para o treinador avaliar, internamente, a evolução
dos seus atletas.
Não se deve
NUNCA esquecer que as crianças não são profissionais em miniatura e os adultos
não os devem crucificar, como não devem criar expectativas injustas sobre a sua
evolução. O caminho é longo.
Mas assistir,
apoiar, incentivar, aplaudir as nossas crianças e os nossos jovens nas
competições desportivas é, ainda, a melhor forma de relaxarmos e de contribuirmos
para uma geração de jovens saudáveis.
Votos de uma
excelente época desportiva para todos vós.