Muitas pessoas regozijam-se pelo facto de Portugal não ter nenhum árbitro no Mundial do Catar. Esta situação, para estas pessoas, vem dar força aos seus argumentos de que os árbitros em Portugal são os piores e que a arbitragem é um mundo perverso e corrupto.
A verdade é que os adeptos
anónimos desconhecem todo o processo de seleção de árbitros para uma competição
destas e a cota do número de árbitros de que dispõe o continente europeu. Para
os agentes desportivos e os que gravitam à volta do desporto, este
desconhecimento denota incompetência e, muitas vezes, má-fé.
Estes agentes desportivos são os
que vibram quando o Porto, o Sporting ou o Benfica (quando não é o clube deles)
são eliminados das competições europeias. São os que criticam negativamente o
selecionador Fernando Santos consoante a escolha que faz em relação a atletas
dos seus clubes. São os que torcem contra o Manchester City por ter jogadores
formados no Benfica, contra o Liverpool por ter o Luis Diaz ex- Porto, contra o
Manchester United por ter Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo ex-Sporting.
Fica-se mesmo na dúvida se, na verdade, torcem pelo seu clube ou antes contra
os outros.
Ou seja, esta gente não gosta de
desporto, não gosta de futebol. Esta gente não respeita a modalidade. Se quem
não gosta tem o dever de respeitar, quem gosta muito mais. Atualmente, não se
defende a modalidade e os seus agentes. O clubismo pacóvio está em crescendo e não
conseguimos evoluir desportivamente. Os pavilhões e campos de futebol são um
antro de desrespeito imensurável.
Quando são os próprios agentes desportivos (dirigentes, treinadores, atletas, jornalistas ou os que já exerceram estas funções) a desrespeitarem a modalidade, então é que está tudo mal. Muito mal. São pessoas com agendas próprias e muitas vezes ressabiadas. Este clima de ódio está a contagiar todas as outras modalidades.
Hoje já não se vê o jogo, mas
assiste-se ao programa onde se debatem situações que não têm a ver com o mesmo.
Irreal. Não se aprecia o jogo. Não se desfruta do espetáculo. Não se procura
ser feliz, mas sim humilhar o outro.
As redes sociais são o espelho da
sociedade e definem o caráter de quem escreve e não de quem mencionam. Ser
independente não é fácil. Todos temos simpatia por algum clube, mas o que se
está a viver em Portugal é um fanatismo a que muitos se agarram para dar algum
sentido à vida.
É urgente parar e refletir. A formação
académica ou o talento para jogar, arbitrar, escrever ou cantar não são
garantias de educação e civismo. Há que redirecionar o nosso foco e empregar o
nosso tempo e a nossa energia de forma útil e construtiva. Atualmente
salienta-se a importância dos 3R para o ambiente (reduzir, revalorizar,
reutilizar). Pois façamos o mesmo no desporto: reduzamos as críticas injuriosas,
revalorizemos o respeito e reutilizemos o civismo. No final de contas, estaremos
a ser e a formar cidadãos civilizados e respeitadores.
#educarosonho