A prática desportiva tem vindo a ser influenciada por mudanças e transformações sociais verificadas nas últimas décadas, bem como por referências modeladas pelos meios de comunicação social e pelas redes sociais.
Em resultado dessas influências, assiste-se hoje a uma generalização do
conceito de competição-conflito, que é um processo social em que se acentuam as
diferenças objetivas entre os clubes e se minimizam os traços comuns entre eles
existentes. Entre os adeptos e os agentes desportivos, tende‑se cada vez mais a
salientar as más práticas dos adversários, minimizando as qualidades técnicas e
desportivas que são comuns a todos eles. Criam-se desse modo rivalidades
mesquinhas que são exteriores à prática e à competição desportiva.
As entidades organizadoras e reguladoras das competições profissionais
nacionais não conseguem descolar-se dos clubes "eucaliptos". Os
outros clubes também não. Não será tão cedo que teremos uma competição
profissional que prestigie a modalidade e o desporto.
Os profissionais de futebol, pagos a peso de ouro, deviam ser um exemplo
e não transformarem muitos jogos em arte circense. Cada profissional no seu
lugar, porque os do circo não competem com os futebolistas! Estes deviam fazer
o mesmo e respeitar a modalidade, o desporto e o público.
O pior é que o futebol não profissional, sénior e formação, tende a
copiar o que de pior a competição máxima tem. Escudam-se atrás do "somos
um clube pequeno, mas honrado", como se os outros fossem clubes de
bandidos. É a vitimização bacoca copiada dos clubes grandes. Grandes em tudo,
desde número de adeptos e títulos até buscas judiciais, passivos financeiros,
casos de violência e martirológios.
Os adeptos anónimos são, também eles, fatores de destabilização e
promotores de ódio, só porque não querem perceber que o desporto é mais do que
só ganhar. Dá‑lhes jeito o discurso do ódio por motivos financeiros ou sociais.
Daí a paineleiros é um saltinho!
Outros que se dizem desportistas e têm carteira de treinador, jornalista, árbitro,
dirigente, agente ou outra não são respeitadores e por isso não merecem
crédito. São falsos moralistas e envergonham, porque eles não têm vergonha,
qualquer cidadão bem formado. As televisões, os jornais e as redes sociais
estão cheias destes paladinos da verdade e da razão – o clube deles é sempre inocente!
Seres humanos normalmente civilizados, educados e serenos transformam-se em verdadeiros hooligans através da palavra! Urge banir a violência verbal promotora de ódios. Urge educar o sonho desportivo dos nossos jovens, mostrando que nem sempre somos os melhores, mas podemos sempre dar o melhor de nós mesmos.