O futebol vive momentos de enorme mudança com a criação de competições e o aumento do número de jogos. A globalização chegou ao futebol e todos os dias temos jogos e mais jogos na televisão.
As Federações nacionais e as
Associações regionais têm o desafio enorme pela frente de não permitirem que o
futebol, na sua verdadeira essência, acabe. A importância das competições
domésticas está a diminuir.
Os clubes vão ter de repensar o
seu posicionamento. Terão de optar entre serem "apenas" laboratórios
para formar atletas ou então polos dinamizadores de atividade social na sua
aldeia, vila ou cidade através do futebol.
Portugal é um país estranho e com
uma Liga profissional condicionada por três clubes. Não existe respeito pelo
adepto que vai ao estádio com os horários em que se realizam os jogos. Quem
gosta de futebol está a abdicar do estádio em detrimento da televisão. Os
estádios têm poucos adeptos porque é impossível a um Farense deslocar-se a
Chaves a uma segunda-feira à noite! O próprio flaviense tem de se superar para,
com o gelo transmontano, ir a uma noite de semana para o estádio!
A convicção que fica é de que,
cada vez mais, estas decisões são tomadas em escritórios e não no país real.
Que haja clubes sem dinheiro para pagar ordenados, em ligas profissionais, não
parece ser um problema para quem gere a atividade. Já é uma tradição que
herdámos do século passado. A verdade desportiva está em causa.
Só a ética no desporto de
formação pode resolver estes problemas com uma formação integral dos
desportistas. Podem não vir a ser jogadores de futebol, mas serão certamente
melhores dirigentes, jornalistas, treinadores e, acima de tudo, serão melhores
adeptos.
A ética desportiva diz-nos como
se devem comportar todos aqueles que estão envolvidos na prática desportiva. A
ética desportiva ajuda a prevenir a violência, a corrupção, a dopagem, o
racismo, a discriminação e a xenofobia. Também promove a saúde física, o
desenvolvimento das competências pessoais, interpessoais, sociais e cívicas, o
respeito pelos outros e nós próprios, o respeito pelas regras e pelo bem
coletivo, o respeito pela diversidade e a vontade de sermos bons anfitriões. A
tudo isto temos de associar a modernidade, a economia local e o contacto
social.
As confederações americana e
africana precisam de palcos mediáticos e os clubes europeus ambicionam
dinheiro. O Mundial de clubes serve estas causa em simultâneo. A Superliga
serve os magnatas dos clubes. O futuro do futebol está a ser moldado por forças
económicas e, à medida que enfrentamos essas mudanças, é crucial equilibrar os
interesses comerciais com a preservação da verdadeira essência do desporto,
mantendo-o enraizado nas comunidades que o tornam tão especial. Estas duas vertentes
são complementares, mas as competições internas estão em desvantagem e os
clubes vão ter de se reinventar e unir.
Para a imprensa local, uma
parceria com os clubes de futebol dos campeonatos distritais pode ser uma
excelente oportunidade para ambas as partes. O jornalismo desportivo nacional
já não atrai leitores e os mais jovens nem querem saber. Se eles e os seus
clubes passarem a ser a notícia, o cenário altera-se. Urge valorizar as
competições locais.
A refletir.
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