Levar e buscar os filhos aos treinos, acompanhar os jogos e estar sempre atento ao comportamento do filho em campo fazem parte da rotina de um pai ou uma mãe de atleta. Todos temos a convicção de que o envolvimento parental positivo desempenha um papel muito importante na vida desportiva das crianças e dos jovens. O suporte familiar está relacionado com o aumento da confiança dos atletas e até mesmo com a sua permanência na prática desportiva. No entanto, é comum observarmos um acompanhamento negativo por parte de alguns pais, que gritam e insultam constantemente. A pressão exercida fora do treino e da competição é massacrante e desmotivadora. Tais comportamentos levam-nos a refletir profundamente sobre os limites do acompanhamento que fazemos.
Os pais podem escolher se querem ser facilitadores ou
obstáculos no desenvolvimento desportivo dos seus filhos. Facilitam quando
contribuem e se disponibilizam para o crescimento e a evolução dos filhos,
incentivando-os e respeitando as suas motivações, escolhas e momentos. Contudo,
tornam-se obstáculos quando impõem pressões ou não os incentivam.
O início de mais uma época desportiva é o momento certo para
uma autorreflexão sobre o seu comportamento e sobre as melhorias possíveis.
Muitos clubes já têm dificuldades em encontrar treinadores
para as suas equipas. Se a estas dificuldades acrescentarmos a falta de
árbitros e de dirigentes associativos, temos de repensar se não estaremos a
afastar recursos humanos qualificados das funções, porque continuamos a não
investir no mais importante: o comportamento!
A forma como, no final de um jogo, a primeira atitude é
correr na direção da equipa de arbitragem revela muito sobre a cultura
desportiva dos nossos agentes desportivos. Esta cena teatral, tão comum em
Portugal, é quase sempre um ato de transferência de responsabilidade e de falta
de compromisso da equipa perante um resultado negativo. Quando se trata de um
comportamento pontual, podemos até aceitá-lo — todos temos um dia menos bom.
Mas quando se torna um padrão já não é tolerável. Quando ganham, as equipas já
não correm para o árbitro. Porque será? A verdade é que os melhores não se
desgastam com o que vai além do jogo, focam-se nos aspetos que são da sua
responsabilidade e que controlam e incentivam quem lideram.
Temos de ser exigentes com todos os agentes desportivos e
respeitar a modalidade em que estamos inseridos. Estar constantemente a pôr
tudo e todos em causa não é tratar bem a modalidade que nos apaixona e que,
para muitos, é também uma profissão.
Existem muitas ações de formação para treinadores e
dirigentes, mas continua a faltar um investimento na vertente comportamental. É
esta que faz a diferença entre os excelentes e os outros, permitindo que se
foquem na sua função.
Votos de uma excelente época desportiva.
#educarosonho #respeito #ética #Ética #desporto PNED Vitor Santos