O Vítor era o miúdo mais traquina da Zona da Sé. Não havia dia nenhum em que não se metesse em sarilhos. A tia Lili, uma senhora já com uma certa idade, tomava conta dele enquanto os pais estavam a trabalhar.
Para variar, o Vítor não cumpriu
as ordens da tia Lili e ela pô-lo de castigo... Sentado numa cadeira da sala,
lá estava o Vítor sem autorização para se mexer ou falar! Mas ninguém o podia
impedir de sonhar, usar a sua imaginação e inventar uma história.
Hoje está um lindo dia para dar
um passeio, vou ver se encontro algum amigo lá fora para jogar à bola. À medida
que se embrenhava nas ruas não via nenhum amigo para jogar, mas olhava admirado
para as iluminações natalícias das casas e árvores. Eram grandes e coloridas,
pensava! Então algo lhe chamou deveras a atenção. Estava longe, era uma bola
vermelha e brilhava como uma Bola de Natal.
"Mas que coisa será aquela?",
pensava o Vítor, enquanto se aproximava um pouco mais. Estava decidido, ele
queria aquela bola. Não importava como ia consegui-la.
O Vítor estava decidido a subir à
árvore. E assim fez. Entretanto, uma pernada onde se sustentava quebrou e ele
caiu. Magoou-se um pouco, mas não queria desistir e pensou para si: "Não
prestei atenção onde pus os pés... Vou subir com mais cuidado!"
Decidido, resolveu tentar outra
vez. Nesse momento, quando nada o faria prever, começou a cair uma chuva muito
forte seguida de trovões. Estava quase a conseguir quando, de repente, se ouviu
um enorme relâmpago e um raio muito brilhante caiu sobre a macieira, mesmo
junto a ele. O Vítor apanhou o maior susto da sua vida e, de novo, caiu da
árvore.
Estava quase a desistir, mas eis que a chuva abrandava e o Vítor não conseguia parar de imaginar como aquela bela maçã vermelha devia ser deliciosa e suculenta. Por isso, mais uma vez se decidiu a subir. Depois de analisar a situação com cuidado, decidiu que o melhor seria subir com uma corda e assim fez. Mas o Vítor não estava mesmo com sorte e, no meio da subida, a corda partiu-se e ele caiu pela terceira vez...
Já eram obstáculos a mais.
Veio-lhe a ideia de que, se calhar, não conseguia subir ao cimo da macieira
porque a maçã devia ser mágica e não queria ser colhida. Pensou e repensou e
decidiu que só lhe restava mais uma hipótese: ir buscar uma escada para subir.
E se bem o pensou, melhor o fez... Depois de colocar a escada, subiu e,
sorrindo, comentou:
– Com a escada parece tudo mais
fácil, acho que desta vez consigo!
Finalmente chegou ao cimo da
árvore. Muito contente, exclamou:
– Valeu a pena o trabalho que
tive. – E colheu a fruta.
Vitorioso, desceu e foi para
casa. Pelo caminho, pensava no que a tia Lili lhe dissera: "Vitinho, os
obstáculos existirão sempre na vida das pessoas. Lutar e tentar vencê-los é o
verdadeiro desafio."
A imaginação ergue voo, desliza
pelo ar e cria mundos inteiros... tudo graças a uma simples bola!
Votos de um Feliz Natal.