O fracasso no desporto devido à pressão exercida pelos pais é um fenómeno mais comum do que parece — e merece a nossa atenção.
Muitos pais, movidos pelo desejo de ver os filhos alcançar o sonho de se tornarem jogadores profissionais, criam expectativas que nem sempre são realistas. Na ânsia de apoiar, acabam por cair em comportamentos que, em vez de ajudar, prejudicam: exigem resultados imediatos, fazem comparações com outros jovens ou cobram desempenhos impossíveis. O impacto? Uma experiência desportiva marcada pela ansiedade, pela perda de motivação e, muitas vezes, pelo abandono precoce do desporto.Há ainda quem, simplesmente, não saiba lidar com o papel de “pai de atleta”. A competição, em vez de revelar o melhor, pode despertar rivalidades, frustrações e atitudes que afastam o foco do essencial: a educação pelo desporto.
O desporto deve ser, antes de mais, um espaço de diversão, aprendizagem e convivência em equipa. Quando a pressão adulta se sobrepõe à leveza do jogo, a criança deixa de jogar por prazer e começa a jogar por medo de falhar. É aí que surgem o desgaste físico e emocional, a perda de confiança e, em casos extremos, o abandono total da modalidade.
Também é importante lembrar: o caminho até ao desporto de elite é extremamente competitivo e apenas uma pequena minoria consegue chegar lá. Apostar todas as fichas na carreira profissional do filho pode ser enganador e perigoso, pois transmite a ideia de que o valor da criança depende apenas do sucesso desportivo. Esse olhar reduzido pode afetar a autoestima e comprometer outras áreas essenciais da vida.
Os pais têm um papel fundamental — não como treinadores exigentes, mas como companheiros de jornada. O verdadeiro apoio está em ajudar a criança a aprender com as derrotas, celebrar conquistas com equilíbrio e, sobretudo, cultivar o gosto genuíno pelo jogo. O desporto é uma escola de valores: disciplina, resiliência, respeito e espírito de equipa. Quando bem vivido, contribui para formar não apenas melhores atletas, mas sobretudo melhores pessoas.
No fim, nunca nos podemos esquecer: as crianças jogam porque se divertem. Não sejamos os adultos que transformam a alegria do jogo num fardo.
Educar o Sonho é garantir que o desporto seja sempre um lugar de aprendizagem e alegria para as crianças.
