A época de 2004-2005 está no fim. Este ano não há Europeu, as atenções vão estar centradas nas aquisições, nas mudanças que vão ocorrer nas equipas.
E que nos espera para a próxima época? Não tenhamos ilusões e tudo vai continuar muito igual. Não há dinheiro, os espectáculos desportivos em geral e o futebol em particular vão continuar a ser de baixa qualidade, vai se continuar a viver do «desenrasca».
Este ano, de eleições autárquicas, adia-se a nível nacional a reestruturação das competições nacionais, adia-se a prioridade patente de apostar na Formação, na qualidade dos espaços desportivos em prejuízo do sucesso visível a curto prazo, através de aquisições caras e sonantes, que se esgotam mesmo antes do Natal.
Portugal vive uma crise económica com reflexos na sociedade portuguesa de uma forma bastante significativa. O desporto e a cultura são as áreas que vão nos alimentando, mas corre-se o sério risco de vermos os investimentos a serem feitos em acções de shows em troca de uma politica rigorosa de investimento na juventude portuguesa, proporcionando-lhe condições de desenvolvimento desportivo e cultural de qualidade.
Somos um País de clubites, não se gosta de desporto, vive-se pelos clubes.
A evolução desportiva tem de ser feita. Não podemos viver o desporto da mesma forma que o fizemos no século passado.
A vitória do Benfica na Super Liga e a «proibição» de que foram alvo os seus adeptos de festejarem no centro da cidade do Porto é lamentável. Avisaram que isto ía acontecer e…fizeram-no! Todo o País viu, as televisões filmaram e que acontece? Nada.
A liberdade desportiva de cada um tem de ser respeitada. Precisamos de começar já a transmitir valores desportivos, de cidadania às nossas crianças aos nossos jovens. Leva tempo mudar mentalidades, mas temos de começar algum dia.
O que se passa na Super Liga passa-se em todos os escalões. As proporções é que são diferentes.
Desporto não é isto. Ser-se desportista, adepto não é o que vemos nos campos de futebol e fora deles na maioria das vezes.
A competição, a participação, a permuta de conhecimentos técnicos e táticos são fontes de enorme prazer para quem anda no Desporto, que gosta de desporto e que mesmo perdendo sente-se mais rico, mais forte. Os fundamentalistas dos clubes são sempre gente frustrada, não conseguem ter prazer na competição. Não saboreiam a felicidade da vitória, não choram na derrota. Não têm sentimentos desportivos.
Precisamos de apostar numa Formação de qualidade. O futuro se encarregará de nos compensar se o fizermos.
A paixão desportiva em Portugal está trocada. A paixão é nos espaços desportivos que se vê. Com civismo e respeito pelo próximo.
Clubes sem dívidas aos seus atletas, aos seus fornecedores, ao Estado rareiam cada vez mais. Os orçamentos têm de ser mais rigorosos. Temos de aprender a viver com o que temos. Podemos passar pelo «deserto» a nível internacional, mas não penhoramos o futuro das nossas crianças. Gerir com contas de merceeiro também não é solução. Mecenas são situações efémeras.
Benfica e Porto são os exemplos maiores de quem não tem dinheiro, que despreza a sua formação em troca do endividamento de todos nós na aquisição, quase sempre, de estrangeiros. O mau exemplo vem de cima.
O Benfica foi campeão com um só jogador, titular, formado por si. O Dínamo de Moscovo joga com mais portugueses que muitas das equipas portuguesas das nossas Ligas profissionais. Algo vai mal neste País sem dinheiro e com mentalidade de rico.
Portugal tem tantas equipas na Super Liga como países que têm uma densidade populacional e área geográfica muito superior à nossa.
O Desporto é só mais um exemplo. Um mau exemplo.
O Instituto Nacional de Estatística acaba de publicar as Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio 2003 do nosso país, a ver com atenção, e que me merece um comentário numa próxima oportunidade.
Mas agora é justo parabenizar os campeões. Destaco o meu amigo Mister Rui Manuel no Nelas. Através dele saúdo todos os que foram campeões e os que foram dignos, mesmo não sendo primeiros, da actividade desportista que praticam e honram.
E que nos espera para a próxima época? Não tenhamos ilusões e tudo vai continuar muito igual. Não há dinheiro, os espectáculos desportivos em geral e o futebol em particular vão continuar a ser de baixa qualidade, vai se continuar a viver do «desenrasca».
Este ano, de eleições autárquicas, adia-se a nível nacional a reestruturação das competições nacionais, adia-se a prioridade patente de apostar na Formação, na qualidade dos espaços desportivos em prejuízo do sucesso visível a curto prazo, através de aquisições caras e sonantes, que se esgotam mesmo antes do Natal.
Portugal vive uma crise económica com reflexos na sociedade portuguesa de uma forma bastante significativa. O desporto e a cultura são as áreas que vão nos alimentando, mas corre-se o sério risco de vermos os investimentos a serem feitos em acções de shows em troca de uma politica rigorosa de investimento na juventude portuguesa, proporcionando-lhe condições de desenvolvimento desportivo e cultural de qualidade.
Somos um País de clubites, não se gosta de desporto, vive-se pelos clubes.
A evolução desportiva tem de ser feita. Não podemos viver o desporto da mesma forma que o fizemos no século passado.
A vitória do Benfica na Super Liga e a «proibição» de que foram alvo os seus adeptos de festejarem no centro da cidade do Porto é lamentável. Avisaram que isto ía acontecer e…fizeram-no! Todo o País viu, as televisões filmaram e que acontece? Nada.
A liberdade desportiva de cada um tem de ser respeitada. Precisamos de começar já a transmitir valores desportivos, de cidadania às nossas crianças aos nossos jovens. Leva tempo mudar mentalidades, mas temos de começar algum dia.
O que se passa na Super Liga passa-se em todos os escalões. As proporções é que são diferentes.
Desporto não é isto. Ser-se desportista, adepto não é o que vemos nos campos de futebol e fora deles na maioria das vezes.
A competição, a participação, a permuta de conhecimentos técnicos e táticos são fontes de enorme prazer para quem anda no Desporto, que gosta de desporto e que mesmo perdendo sente-se mais rico, mais forte. Os fundamentalistas dos clubes são sempre gente frustrada, não conseguem ter prazer na competição. Não saboreiam a felicidade da vitória, não choram na derrota. Não têm sentimentos desportivos.
Precisamos de apostar numa Formação de qualidade. O futuro se encarregará de nos compensar se o fizermos.
A paixão desportiva em Portugal está trocada. A paixão é nos espaços desportivos que se vê. Com civismo e respeito pelo próximo.
Clubes sem dívidas aos seus atletas, aos seus fornecedores, ao Estado rareiam cada vez mais. Os orçamentos têm de ser mais rigorosos. Temos de aprender a viver com o que temos. Podemos passar pelo «deserto» a nível internacional, mas não penhoramos o futuro das nossas crianças. Gerir com contas de merceeiro também não é solução. Mecenas são situações efémeras.
Benfica e Porto são os exemplos maiores de quem não tem dinheiro, que despreza a sua formação em troca do endividamento de todos nós na aquisição, quase sempre, de estrangeiros. O mau exemplo vem de cima.
O Benfica foi campeão com um só jogador, titular, formado por si. O Dínamo de Moscovo joga com mais portugueses que muitas das equipas portuguesas das nossas Ligas profissionais. Algo vai mal neste País sem dinheiro e com mentalidade de rico.
Portugal tem tantas equipas na Super Liga como países que têm uma densidade populacional e área geográfica muito superior à nossa.
O Desporto é só mais um exemplo. Um mau exemplo.
O Instituto Nacional de Estatística acaba de publicar as Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio 2003 do nosso país, a ver com atenção, e que me merece um comentário numa próxima oportunidade.
Mas agora é justo parabenizar os campeões. Destaco o meu amigo Mister Rui Manuel no Nelas. Através dele saúdo todos os que foram campeões e os que foram dignos, mesmo não sendo primeiros, da actividade desportista que praticam e honram.
in Jornal do Centro (27-05-2005)
Pregar no deserto: há um ano, tal e qual como hoje
Esta expressão faz todo o sentido no que respeita a tudo que tenho escrito nestas páginas sobre o Académico de Viseu. Valerá mesmo a pena?
Vivo o desporto, e o futebol em particular, na sua forma mais pura e bela que este pode ter. Não entendo a vivência guerreira de alguns agentes desportivos em oposição ao desportivismo, à competição séria e verdadeira.
Para a escrita deste artigo quinzenal «mergulhei» no meu arquivo e reli as reflexões dos meus amigos Prof. João Luís e Dr. José Costa, os artigos dos jornalistas Gil Peres e José Luís Araújo. E que constato?
Muito do que tenho dito nestas páginas já eles o escreveram, e que também eles se devem sentir pregadores do deserto, sentir que hoje voltavam a escrever precisamente o mesmo.
As reflexões são radiografias exactas da realidade academista. Continuam actualizadíssimas. Diagnosticavam o que mal estava. Davam indicações e alertavam para o debate sério e desinteressado que deve ser feito entre todos os que têm responsabilidade e os que são sensíveis ao fenómeno desportivo. Mas adiou-se, adia-se.
Os artigos de pesquisa fazem análises interessantíssimas do estado em que o clube estava e como foi que lá se chegou.
Há precisamente um ano, na imprensa regional e nacional, o Académico SAD era noticia por comunicados de jogadores alertando para o não pagamento de ordenados; era notícia por um treinador em ameaça constante de rescindir contrato; pela falta da existência de uma alternativa directiva no clube; pela frustração da não subida do Ac.Viseu SAD à 2.ª liga.
As reflexões são radiografias exactas da realidade academista. Continuam actualizadíssimas. Diagnosticavam o que mal estava. Davam indicações e alertavam para o debate sério e desinteressado que deve ser feito entre todos os que têm responsabilidade e os que são sensíveis ao fenómeno desportivo. Mas adiou-se, adia-se.
Os artigos de pesquisa fazem análises interessantíssimas do estado em que o clube estava e como foi que lá se chegou.
Há precisamente um ano, na imprensa regional e nacional, o Académico SAD era noticia por comunicados de jogadores alertando para o não pagamento de ordenados; era notícia por um treinador em ameaça constante de rescindir contrato; pela falta da existência de uma alternativa directiva no clube; pela frustração da não subida do Ac.Viseu SAD à 2.ª liga.
Está tudo registado.
Em contraste com essa situação vivia-se com as excelentes prestações e resultados das equipas de formação do Clube nos diversos campeonatos em que competiam. Tal e qual como hoje. Os juniores e iniciados do clube têm a manutenção no nacional garantida, os juvenis estão a um pequeno passo de subirem ao respectivo campeonato nacional da categoria, e os infantis e escolas são consideradas as equipas mais fortes e em melhor posição de ganharem os campeonatos distritais em que estão inseridas.
Uma conclusão salta aos olhos sem grande reflexão: existe em Viseu muita juventude com aptidão e dedicação para a prática desportiva, neste caso o futebol. Vai-se continuar a frustrar estes jovens?! E que reflexos pode ter isso numa sociedade de jovens sem expectativas de fazerem uma formação desportiva séria e de qualidade?!
Não se pode abandonar estes jovens. Estão em competição e até final desta época têm de continuar a ser acarinhados e a serem-lhes proporcionadas as melhores condições possíveis. Em paralelo, já devia estar em marcha um processo de alternativas válidas para a viabilização do clube ou de uma «renovação engenhosa». Parece-me é que existe só um pequeníssimo grupo interessado e voluntário na procura de uma solução.
Organizar o clube, trazer o clube para o centro da cidade através de uma Sede Social visível e digna, colocar o clube na web, criar uma nova imagem, moderna e atractiva, de tudo isto o CAF precisa e muitos profissionais desta área podem colaborar neste sentido. Para alguns podem ser pormenores eu defendo que é a única forma do clube renascer e de se assumir de uma vez por todas como o «porta-estandarte» da cidade, da região. Não se pode dizer sempre mal, de andar a sempre a culpar «os outros». Todos podem e devem colaborar.
A Comissão Administrativa do Clube tem em «campo» um peditório junto das empresas e comerciantes e a recepção está a ser bastante simpática, com o abrir de portas que se pensavam fechadas. Os montantes podem ser pequenos, são insuficientes, a conjectura económica está mal para todos, mas tem de ser reconhecido mais este esforço que se tem feito para ajudar o Clube a ir superando o seu dia a dia. Louve-se.
Se todos contribuirmos da melhor forma que soubermos e pudermos, será tudo mais fácil de certeza.
O Académico não é único clube no Concelho, mas é o Clube do Concelho, do Distrito.
Estas semanas não são propícias a grandes desenvolvimentos regionais desportivos, jogam-se as finais da Super Liga, a final da Taça Uefa, a final da Taça de Portugal e as atenções desportivas vão estar centradas nestes jogos. Vai ser delicioso ver o futebol na sua maior pujança a proporcionar-nos alegrias, tristezas. O futebol é isto. Hoje ganha-se, amanhã perde-se. Mas não é o futebol um jogo?!
Quem passa por estas emoções, por sentimentos opostos em questões de minutos… sabe entender e viver o desporto como deve ser vivido: com espírito de campeão, mesmo quando não ganha.
No distrito quase tudo está decidido, com o balanço final
a poder-se considerar positivo com as prestações das nossas equipas dentro das quatro linhas.
Só faltava mesmo é o Académico subir.
Em contraste com essa situação vivia-se com as excelentes prestações e resultados das equipas de formação do Clube nos diversos campeonatos em que competiam. Tal e qual como hoje. Os juniores e iniciados do clube têm a manutenção no nacional garantida, os juvenis estão a um pequeno passo de subirem ao respectivo campeonato nacional da categoria, e os infantis e escolas são consideradas as equipas mais fortes e em melhor posição de ganharem os campeonatos distritais em que estão inseridas.
Uma conclusão salta aos olhos sem grande reflexão: existe em Viseu muita juventude com aptidão e dedicação para a prática desportiva, neste caso o futebol. Vai-se continuar a frustrar estes jovens?! E que reflexos pode ter isso numa sociedade de jovens sem expectativas de fazerem uma formação desportiva séria e de qualidade?!
Não se pode abandonar estes jovens. Estão em competição e até final desta época têm de continuar a ser acarinhados e a serem-lhes proporcionadas as melhores condições possíveis. Em paralelo, já devia estar em marcha um processo de alternativas válidas para a viabilização do clube ou de uma «renovação engenhosa». Parece-me é que existe só um pequeníssimo grupo interessado e voluntário na procura de uma solução.
Organizar o clube, trazer o clube para o centro da cidade através de uma Sede Social visível e digna, colocar o clube na web, criar uma nova imagem, moderna e atractiva, de tudo isto o CAF precisa e muitos profissionais desta área podem colaborar neste sentido. Para alguns podem ser pormenores eu defendo que é a única forma do clube renascer e de se assumir de uma vez por todas como o «porta-estandarte» da cidade, da região. Não se pode dizer sempre mal, de andar a sempre a culpar «os outros». Todos podem e devem colaborar.
A Comissão Administrativa do Clube tem em «campo» um peditório junto das empresas e comerciantes e a recepção está a ser bastante simpática, com o abrir de portas que se pensavam fechadas. Os montantes podem ser pequenos, são insuficientes, a conjectura económica está mal para todos, mas tem de ser reconhecido mais este esforço que se tem feito para ajudar o Clube a ir superando o seu dia a dia. Louve-se.
Se todos contribuirmos da melhor forma que soubermos e pudermos, será tudo mais fácil de certeza.
O Académico não é único clube no Concelho, mas é o Clube do Concelho, do Distrito.
Estas semanas não são propícias a grandes desenvolvimentos regionais desportivos, jogam-se as finais da Super Liga, a final da Taça Uefa, a final da Taça de Portugal e as atenções desportivas vão estar centradas nestes jogos. Vai ser delicioso ver o futebol na sua maior pujança a proporcionar-nos alegrias, tristezas. O futebol é isto. Hoje ganha-se, amanhã perde-se. Mas não é o futebol um jogo?!
Quem passa por estas emoções, por sentimentos opostos em questões de minutos… sabe entender e viver o desporto como deve ser vivido: com espírito de campeão, mesmo quando não ganha.
No distrito quase tudo está decidido, com o balanço final

Só faltava mesmo é o Académico subir.
in Jornal do Centro (13-05-2005)