Dia Internacional do Desporto ao
Serviço do Desenvolvimento e da Paz celebra-se a 6 de abril
A Assembleia-Geral da ONU festeja
o Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz todos os
anos. A data foi instituída pela ONU em agosto de 2013. Foi escolhido o dia 6
de abril já que foi neste dia se iniciou a primeira edição dos Jogos Olímpicos
da era moderna, em Atenas, em 1896. Em 2014 celebrou-se pela primeira vez o Dia
Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz. Este dia é um
complemento ao Dia Olímpico.
Depois da Segunda Guerra mundial,
os países europeus chegaram à conclusão de que, no seu próprio interesse, era
necessário evitar futuros conflitos e preservar a paz, através de uma ação
comum. Esta evolução no sentido de cooperação esteve na origem da primeira
Comunidade Europeia, em 1952, e da criação de uma televisão – União Europeia de
Radiofusão. Paralelamente a estes primeiros passos no sentido da integração
europeia a nível político, surgiram as primeiras competições desportivas
europeias. O desporto foi entendido como uma ferramenta basilar na construção
de uma nova Europa. A UEFA foi fundada em 1954, e com ela as primeiras
competições entre clubes europeus. Em 1955 o jornal francês L´Équipe sugere um
Campeonato Europeu.
Existe uma frase marcante de
Nélson Mandela que sintetiza na perfeição o âmbito desta data: “o desporto pode
criar esperança onde antes havia desespero; é mais poderoso que o governo em
quebrar barreiras sociais; o desporto tem o poder de mudar o mundo”. Koffi
Anan, ex – Secretário-geral da ONU reforçou essa importância escrevendo que “O
desporto é uma linguagem universal que pode aproximar povos quaisquer que sejam
as suas origens, passado, crenças religiosas ou condições económicas.”
O preâmbulo do regulamento da
Organização Internacional para a Paz pelo Desporto – A Paz e Desporto – fundada
em 2007 pelo campeão mundial do Pentatlo Moderno, o francês Joel Bouzou, o
conceito da paz sustentável implica não só a ausência de guerra, mas também a
criação de uma estrutura social imbuída de valores que contribuam para a
manutenção da paz- trabalho em equipa, fair play, disciplina, confiança mútua,
diálogo, fraternidade.
Ainda em 2011, no estudo
“Desporto, poder e relações internacionais” o académico brasileiro Wanderley de
Vasconcelos parte da premissa de que “o desporto favorece e fortalece os
vínculos de aproximação dos povos e a comunhão de afinidades, que conduzem à
conquista de simpatias, passando estas para as instâncias governamentais ou,
melhor, dos estados”.
Não existem dúvidas que o
desporto é um “produto e um processo gerador de educação, de cultura, de lazer
e de economia, no quadro da organização social dos países”. A relação
entre Desporto e Paz é amplamente reconhecida.
Infelizmente, e citando Manuel
Sérgio: “o desporto sofre hoje uma ameaça terrível, que se dirige à sua própria
essência. E essa ameaça vem não só da «sociedade do espetáculo», que é a nossa
e que origina a «civilização do homem sentado», mas também dos poderes que o
submetem ao lucro selvagem e globalizado, ou então o toleram vigiado,
instrumentalizado.” Triste sinal o deste desporto que aplaude a
mediocridade, em nome da eficácia, que sacrifica os valores mais puros nos
altares do êxito.
O desporto – não a clubite, com a
cultura são os instrumentos de todos aqueles que lutam por um mundo novo: com
paz e desenvolvido. Parte integrante do nosso património cultural, o desporto
foi sempre um meio privilegiado para estabelecer laços entre os povos, para além
das barreiras linguísticas e dos estereótipos nacionais. Num Mundo em
mutação, o desporto constitui um admirável fator de integração, capaz de abolir
inúmeras barreiras. Este facto justifica amplamente o importante lugar que o
desporto ocupa.
Nos dias de hoje o desporto tem,
provavelmente, o seu maior desafio. O desporto tem em si um conjunto de
qualidades e valores que nos vão ajudar na ressocialização e a vencer este
“inimigo”.